O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, fez um pedido público de desculpas nesta segunda-feira pelos erros cometidos pelo país antes, durante e depois do atentado terrorista que causou a morte de 11 israelenses na Olimpíada de Munique-1972. As declarações foram feitas durante cerimônia que marcou os 50 anos do trágico episódio.
— Estamos falando de uma grande tragédia e de uma falha tripla. A primeira se refere à preparação dos Jogos e da questão da segurança. A segunda se refere aos eventos dos dias 5 e 6 de setembro de 1972. E a terceira falha começou no dia seguinte ao ataque: o silêncio, a negação e o esquecimento — declarou o chefe de estado da Alemanha.
O maior atentado terrorista já ocorrido num evento esportivo aconteceu durante a Olimpíada de Munique, quando oito integrantes do grupo terrorista Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica e fizeram 11 israelenses de reféns, entre atletas e treinadores da delegação do país.
O episódio foi marcado por seguidos erros na condução e negociação do sequestro por parte das autoridades da então Alemanha Ocidental. O caso culminou em 17 mortes, incluindo os 11 reféns israelenses (seis técnicos e cinco atletas), cinco membros do grupo terrorista e um policial alemão.
O episódio fatídico teve fim numa tentativa frustrada de resgate na Base Aérea de Fürstenfeldbrück, pela qual os terroristas tentaram fugir, sem sucesso. Cinquenta anos depois, a cerimônia para lembrar a tragédia aconteceu na mesma base aérea, com a presença do presidente de Israel, Isaac Herzog, e de viúvas dos atletas mortos no atentado. Ambos os presidentes deixaram coroas de flores no local em homenagem às vítimas.
A cerimônia quase não aconteceu por ameaça de boicote por parte dos familiares das vítimas. Eles criticavam os erros cometidos pela Alemanha no episódio, a não liberação dos arquivos relativos à investigação do caso e a indenização oferecida, considerada baixa. Para evitar o boicote, as autoridades elevaram o valor de 10 milhões de euros (cerca de R$ 51 milhões) para 28 milhões de euros (R$ 144 milhões). Pelo acordo entre as partes, os alemães vão permitir aos israelenses o acesso aos documentos então confidenciais.
— Embora tenhamos conseguido finalmente, após 50 anos, atingir o nosso objetivo, no final do dia você ausente e nada pode mudar isso. Muitos me perguntam se agora encontrei um ponto final para essa história. Eles não entendem que nunca haverá um ponto final. O buraco no meu coração jamais será curado — disse Ankie Spitzer, viúva de Andre Spitzer, treinador de esgrima que morreu no atentado.