Em 2021, a ausência de uma equipe no Gauchão Feminino assustou aqueles que acompanham a modalidade: o Oriente não estava entre os oito participantes do Estadual. O time tradicional, que chegou a disputar a final do Interior em 2019, teve um problema de comunicação com a FGF e acabou ficando de fora da última edição.
— Nós queríamos muito jogar o último Campeonato Gaúcho, teve um probleminha de administração com a Federação (Gaúcha de Futebol) e não recebemos o e-mail de confirmação. Então, acabamos ficando de fora. Passamos muita dificuldade por essa questão pandêmica que vivenciamos. Então, tínhamos uma equipe muito forte. Porém, muitas meninas acabaram voltando mais para o interior, outras mudaram, foram para o futebol 7, para o futsal. Então, perdemos um pouco daquele grupo do Oriente que se tinha — explica o técnico Tiago Cortes.
Se em 2021 o Oriente ficou fora, em 2022 o sonho é voltar a figurar entre os melhores do interior. Para isso, o time de Canoas terá de buscar a classificação entre os dois primeiros colocados do Grupo B — que ainda conta com Juventude, Brasil-Far e Vidal Pro.
— Quando eu coloquei o olho no grupo, eu falei "vamos ter muita dificuldade". O Oriente hoje é forte pela base do grupo, mas temos gurias novas. Como não conseguimos fazer todos os treinos, a mentalidade que estamos passando está mais enraizada nas antigas do que nas que estão entrando agora. Enfrentar um Brasil-Far hoje, que já é consolidado pelo menos no interior, enfrentar um Juventude, que vem treinando mais vezes, e o Vidal Pro, que vem arrumando meninas com muita qualidade de jogo, vai ser muito difícil para nós. Só que eu confio muito no grupo, no time. As meninas estão cada vez mais abraçadas. Estamos engajados e eu tenho certeza que vamos fazer uma boa fase — entende o técnico do Oriente.
A estreia será, justamente, contra o Brasil-Far, no domingo (31), às 15h, no Campo do Oriente, em Canoas. Em 2019, as equipes ficaram frente a frente na primeira disputa pelo título do Interior. Na ocasião, a partida foi realizada no Estádio Cristo Rei, em São Leopoldo, e terminou com vitória do rubro-verde por 2 a 1. Agora, o objetivo é buscar uma "revanche" contra o time da Serra.
— Clássico é clássico. E, ao meu ver, é clássico. O Oriente está com algumas coisas entaladas, quer mostrar para o Brasil-Far quem ele é. Acho que não conseguimos fazer isso (em 2019), tivemos essa chance. Eu não era treinador na época, mas algumas meninas jogaram essa final. Então, você entende que elas estão com aquele sentimento de "era nosso" e tem aquele arrependimento "se eu tivesse feito mais isso, se eu tivesse feito aquilo". Você ouve isso às vezes. Então, eu penso que elas vão tentar, dessa maneira, aproveitar agora que o Brasil-Far teve um momentinho conturbado, até se reajustar de novo, e mostrar o que você pode fazer. Então, quem for assistir ao jogo, espere um grande jogo. O mínimo que vai ter nessa partida é vontade dos dois lados — diz Tiago Cortes.
Naquele duelo que decidiu o título do Interior, o Oriente contava com uma goleira que viria a se destacar ainda mais com o passar das temporadas: Sabrina Botcher, a Bina. Na temporada seguinte, a defensora transferiu-se para o Brasil-Far, ganhou o título do Interior em 2020, disputou duas edições do Brasileirão Feminino A-2 e, agora, está no Criciúma. Recentemente, durante as férias, ela participou de um treinamento do Oriente e serviu de inspiração para as aspirantes a craques.
— A gente teve a sorte de tê-la num treino recentemente. Ela foi, participou e o preparador de goleiras, o Emerson, ficou encantado. Eu falei "calma que é um processo. Ela saiu daqui, estava aqui com a gente". Só que ela está muito à frente. Ela não é só boa, ela é ótima, está num nível absurdo. As meninas quando olhavam para ela, sabe aquele brilho nos olhos? Só falta pedir autógrafo. E você vê: saiu do Oriente, é cria do Oriente, e está aí mostrando o seu futebol, o seu potencial e com certeza vai alcançar voos muito maiores. Isso foi bacana demais, essa interação. Saber que tem meninas novas entrando hoje que conseguiram ter acesso a uma menina que saiu daqui e hoje está numa equipe um pouco acima — valoriza o técnico do Oriente.