O atleta britânico Mo Farah, tetracampeão olímpico, disse nesta quarta-feira (13) estar "aliviado" com o fato de o Reino Unido não estar tomando medidas legais após suas revelações sobre sua entrada no país com uma identidade falsa, quando era criança.
— Estou aliviado: para mim, é o meu país — afirmou Farah, que em 2016 recebeu o título de cavaleiro da rainha da Inglaterra por suas conquistas no atletismo.
—Nenhuma criança quer estar nesta situação. Tomaram uma decisão por mim. Sou simplesmente grato por todas as oportunidades que tive no Reino Unido e orgulhoso de representar meu país como tenho feito — acrescentou.
Farah, de 39 anos, revelou na segunda-feira em um documentário que chegou ilegalmente ao Reino Unido antes de ser forçado a trabalhar como empregado doméstico.
—A verdade é que eu não sou quem vocês pensam. A maioria das pessoas me conhece como Mo Farah, mas isso não é verdade. Eu fui separado da minha mãe e trazido para o Reino Unido ilegalmente sob o nome de outro menino chamado Mohamed — explicou o atleta em entrevista exibida pela BBC.
Sua mulher, Tania, afirmou que sentiu "tristeza" e "ira" quando soube da verdade. Segundo ela, seu marido "finalmente se permitiu sentir estes sentimentos de dor" e o documentário foi para ele "uma forma de terapia".
Apesar das revelações, o Ministério do Interior do Reino Unido confirmou na terça-feira que "nenhum processo judicial será aberto contra Sir Mo Farah e sugerir o contrário é falso".
Mo Farah revela no documentário que seu pai foi assassinado na Somália quando ele tinha quatro anos. Sua mãe e dois irmãos vivem na região separatista da Somalilândia, não reconhecida pela comunidade internacional.
Sua história é uma "lembrança chocante dos horrores que enfrentam as pessoas que são traficadas e devemos continuar combatendo os criminosos que tiram proveito dos vulneráveis", disse um porta-voz de Downing Street.
No momento, o governo britânico tenta implementar uma política anti-imigração que planeja deportar os demandantes de asilo para Ruanda, estratégia que está bloqueada pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
* AFP