Mo Farah fez grandes revelações em um novo documentário da BBC. O tetracampeão olímpico no atletismo contou ter sido alvo de tráfico infantil, vivendo em situação análoga à escravidão, e anunciou seu verdadeiro nome. O britânico de 39 anos é um dos principais nomes do Reino Unido na modalidade e faturou também oito medalhas em Campeonatos Mundiais, sendo seis ouros e duas pratas.
O bicampeão olímpico dos 5 mil e 10 mil metros explicou detalhes dos fatos que o assombra desde criança. "Por anos eu continuei bloqueando isso" afirmou. Ele reluta em contar as situações pelas quais passou na infância. Mas entende que este era o melhor momento de se livrar dessas amarras. "Quero me sentir normal", disse.
Com quatro ouros olímpicos no currículo, ele afirmou que seu nome original era Hussein Abdi Kahin, mas quando trazido de Djibuti para o Reino Unido ganhou o nome de Mohamed Farah, que estava inscrito em seu passaporte falso. Uma mulher completamente desconhecida foi a responsável por levá-lo de avião da África para a Europa.
Ao chegar no Reino Unido, Farah foi entregue a uma outra família e a ele foram atribuídas tarefas domésticas, vivendo em condição análoga à escravidão, proibido de ir à escola até os 12 anos. Farah anteriormente contara que chegou com seus país da Somália como refugiado. Agora, no entanto, achou que o ideal era revelar a verdade sobre sua origem.
Mo Farah também revela que teve documentos com referências sobre a família rasgados pela mulher que o traficou.
— Bem na minha frente, ela rasgou e colocou no lixo. Naquele momento, eu sabia que estava em apuros — conta.
Ele ainda relata que era ameaçado e não deveria questionar a situação pela qual passava. Entre suas tarefas estava cuidar de outras crianças.
— Muitas vezes eu me trancava no banheiro e chorava — recorda Farah, que entende que sua revelação é importante para que a sociedade abra os olhos para casos de escravidão e tráfico internacional de pessoas.