Há mais de 100 dias os ucranianos convivem com o horror da guerra contra a Rússia. Neste domingo (5), no entanto, os mais de 44 milhões de habitantes tentarão, ao menos por 90 minutos, deixar as dificuldades de lado, se é que isso é possível, para pensar no futuro. A Ucrânia enfrenta o País de Gales, às 13h, em Cardiff. Quem vencer, garante vaga na Copa do Mundo do Catar.
A única vez que a seleção ucraniana disputou um Mundial foi em 2006, quando, sob o comando de Shevchenko, ficou entre as oito melhores. Em um grupo com Espanha, Tunísia e Arábia Saudita, se classificou como a segunda colocada. Nas oitavas, superou a Suíça nos pênaltis. Caiu nas quartas, para a Itália, que viria a ser campeã do torneio.
O sonho de voltar a disputar a competição mais importante do futebol internacional começou em março de 2021, em um empate em 1 a 1 com a França, em Paris, pela primeira rodada das Eliminatórias Europeias. Após ficar atrás apenas dos franceses, em uma chave que contava também com Finlândia, Bósnia e Cazaquistão, avançou à repescagem.
O jogo diante da Escócia estava marcado para março. Contudo, por conta da invasão russa, foi adiado para junho, mais precisamente para a última quarta-feira (1º), quando a Ucrânia realizou a primeira partida em meio ao conflito.
Em Glasgow, venceram os escoceses por 3 a 1, com gols de Yarmolenko, Yaremchuk e Dovbyk. Após o triunfo, o técnico Oleksandr Petrakov tentou resumir o sentimento dos jogadores que entraram em campo.
— Eles jogam para ucranianos, para pessoas assistindo em casa, para membros de nossas forças armadas em trincheiras ou em hospitais. Eles vão agradecer a nós. Nós retribuímos essa gratidão — destacou o treinador.
O lateral/meia Zinchenko compartilhou, logo depois da vitória sobre a Escócia, um vídeo em que militares comemoram um dos gols que colocaram a equipe a um passo de carimbar o passaporte para o Catar. O atleta reforçou a importância do duelo deste fim de semana:
— Todos nós entendemos que o jogo contra País de Gales não será mais sobre condição física ou tática. Será um jogo de sobrevivência. Todos vão lutar até o fim e dar tudo de si, porque jogaremos pelo nosso país.
Do outro lado, estará uma seleção que não participa de um Mundial há 64 anos. Na inédita aparição, em 1958, País de Gales parou nas quartas, derrotado pelo Brasil, de Pelé e Garrincha. Quem sair vitorioso ao final do confronto, entrará no Grupo B, composto por Estados Unidos, Inglaterra e Irã.