A criação da Liga Brasileira de Clubes, inicialmente esperada para esta quinta-feira (12), encontra empecilhos para acordo entre atuais participantes das Séries A e B do Brasileirão.
No último dia 3, a convite de cinco paulistas que disputam a elite do futebol brasileiro (Bragantino, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos) e do Flamengo, foi realizada uma reunião, em São Paulo, para debater o tema.
Na ocasião, oito clubes assinaram a criação da Liga Brasileira de Clubes, a Libra, os seis incentivadores iniciais, mais Cruzeiro e Ponte Preta. Os últimos dias, porém, foram de afastamento, e o encontro marcado para esta quinta não deve ocorrer.
— Para os nossos 14 clubes (os da Série A que não assinaram), não consideramos que a liga está criada. Fomos surpreendidos com a pauta de reunião. A intenção seria uma conversa entre os clubes para ajustar. Aí vieram com os estatutos prontos e que os seis assinariam, e quem quisesse assinar também que ficasse à vontade. Eu nem estudei o estatuto — declarou o presidente do Athletico-PR, Mário Celso Petraglia logo na saída daquele encontro.
As palavras de Petraglia anunciaram o que viria depois. Na última sexta-feira (6), com participação também de equipes da Série B, um novo encontro terminou com a divulgação de uma nota de repúdio para alguns dos termos do documento assinado três dias antes. Nem todos os participantes assinaram esse documento, casos de Grêmio e Inter.
A discordância mais relevante apontada por eles foi na divisão de receitas. A proposta de criação da Libra partiria de 40% a repartição de forma igualitária das receitas enquanto os que não assinaram o documento querem que parta de 50%. Outra preocupação do bloco é estabelecer máxima diferença entre quem ganha mais e quem ganha menos de 3,5 vezes.
No começo desta semana, com 23 assinaturas, o bloco dissidente informou a decisão de não participar da reunião desta quinta, marcada para ocorrer na sede da CBF, e a divulgação de uma carta-proposta. Foi então marcada reunião para a próxima segunda. Esse encontro não contará com os agora nove integrantes da Libra — Vasco se juntou no começo desta semana. A ideia do bloco é marcar encontro posterior quando houver proposta detalhada da Libra.
O Juventude foi o único gaúcho a assinar essa carta-proposta. Grêmio e Inter seguiram fazendo parte das discussões, mas sem formalizar desacordo com integrantes da Libra.
"Diante dos últimos acontecimentos, os clubes signatários reafirmam o interesse na formalização da liga de futebol profissional, com o intuito de elevar o nível de qualidade do futebol brasileiro, construindo um campeonato forte, revitalizado e, notadamente, com um padrão de equanimidade nas condições de disputa. É preciso, porém, pontuar que não haverá liga sem a união dos 40 (quarenta) clubes participantes das atuais Séries A e B. Algumas premissas devem ser observadas, tendo como referência que a Premier League divide igualmente 68% da receita, somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing; as Ligas de Alemanha, França, Espanha e Itália distribuem 50% da receita de forma igualitária. Em todas elas, a diferença de receita entre o primeiro e o último clube não ultrapassa 3,5 vezes", disse trecho da carta-proposta.
Ao que tudo indica, o anúncio esperado para esta quinta ainda demorará para ser realizado.
