O Vasco emitiu um comunicado afirmando que as acusações de Hélio dos Anjos, técnico da Ponte Preta, sobre ofensas racistas da torcida do cruz-maltino são 'algo sem fundamento algum'. Na nota, o clube carioca também explicou que o episódio se baseou 'equivocadamente num canto criado pela torcida para homenagear o volante Yuri Lara'.
Cabe salientar que após um desarme de Yuri Lara bem próximo a linha lateral, a torcida vascaína fez uma homenagem ao volante ao proferir barulhos de latido. Essa referência é direta ao apelido de cão de guarda da defesa cruz-maltina.
Neste momento, o técnico Hélio dos Anjos e o volante Ramon Carvalho, ambos da Ponte Preta, comentaram com o árbitro Rodolpho Toski Marques, do Paraná, sobre 'sons de macacos' vindos da torcida vascaína. Na súmula, a comissão de arbitragem afirmou não ter ouvido esses sons aos 39 minutos do segundo tempo.
—Aos 39 minutos do segundo tempo, com o jogo paralisado, o atleta de número 40, senhor Ramon Rodrigo de Carvalho, e o técnico, senhor Hélio Cézar Pinto dos Anjos, ambos da equipe Ponte Preta, informaram ao árbitro que ouviram sons de macaco vindos da torcida do Vasco da Gama. Esses sons não foram ouvidos pela equipe de arbitragem e nem pelo delegado da partida — relatou o árbitro na súmula.
Além disso, o Vasco também fez questão de reafirmar em sua nota oficial o compromisso histórico do clube com a luta contra o racismo, como a "Resposta Histórica", do dia 7 de abril de 2024. O Cruz-Maltino citou que para fazer uma acusação como esta o indivíduo deve ter plena certeza do que ouviu.
—Ao se fazer uma acusação de racismo, crime gravíssimo, além de se ter certeza do que está sendo dito, é imprescindível se conhecer o histórico dessa luta no país. E não há como falar do combate ao racismo no futebol brasileiro sem que o Vasco da Gama seja o principal protagonista —destacou o clube carioca.
O volante Yuri Lara também comentou sobre o caso na zona mista e disse que explicou a Ramon sobre os latidos.
- O Ramon falou comigo sobre isso, falei que não era racismo, não tem nada a ver. Realmente estavam latindo, como latem. Não tem nada a ver com macaco. É inadmissível o racismo, ainda mais com a torcida do Vasco, por tudo que o Vasco representa para a história. Expliquei para ele que não tinha nada a ver com racismo. É o latido - afirmou o volante.
Confia a nota do Vasco da Gama na íntegra
Fomos surpreendidos na noite da última quarta-feira (27/04) em São Januário com uma absurda acusação de racismo direcionada a torcida do Vasco vinda de alguns profissionais da A. A. Ponte Preta. Algo sem fundamento algum e que se baseou equivocadamente num canto criado pela torcida do Vasco utilizado para homenagear o volante Yuri Lara, algo já feito, por exemplo, por outras torcidas e em outras praças esportivas.
Ao se fazer uma acusação de racismo, crime gravíssimo, além de se ter certeza do que está sendo dito, é imprescindível se conhecer o histórico dessa luta no país. E não há como falar do combate ao racismo no futebol brasileiro sem que o Vasco da Gama seja o principal protagonista.
Nossa luta não começou agora, mas sim em 07 de abril de 1924, quando escrevemos a “Resposta Histórica”, o maior símbolo da luta contra o racismo no futebol brasileiro. O Vasco da Gama se orgulha de ser um pioneiro nesta luta e um ativo defensor de seus ideais, que não esmoreceram com o passar dos anos. E o estádio de São Januário sintetiza a maior da luta do Vasco da Gama contra a chaga do racismo. Foi construído pelos vascaínos como resposta às elites da época que resistiam a inclusão de pretos, operários e imigrantes pobres no futebol.
Portanto, como não poderia ser diferente, condenamos a atitude e lamentamos que uma pauta tão séria seja utilizada da forma que foi.
São Januário é a casa do legítimo clube do povo e fazemos questão de que continue sendo assim.