Foram seis meses de espera, mas finalmente Ronald Koeman falou sobre sua saída do Barcelona, no fim de outubro de 2021, para a contratação de Xavi. Em coletiva de apresentação da Copa Koeman, que ocorrerá em julho, na Espanha, o evento beneficente acabou em segundo plano e sua demissão do clube catalão virou o assunto principal. O futuro técnico da seleção holandesa não se esquivou, reclamou bastante do presidente Joan Laporta, pediu apoio a Xavi e não se considerou um fracassado.
Koeman afirmou que sua saída da equipe daria para escrever um livro. Reclamou que jamais teve apoio do presidente, pediu apoio para Xavi, mas não deixou de cutucar a atual situação da equipe, em sua visão, em pior condição em relação a quando era o comandante.
—Muitas coisas aconteceram comigo. Tivemos problema (de escalação) com a covid, falta de presidente por um tempo, tive que responder todo tipo de pergunta, não podíamos contratar os jogadores que queríamos por causa de um fair play complicado, ficamos sem Leo Messi de um dia para o outro, sem Griezmann no último dia de mercado... Não me sinto um treinador que fracassou — afirmou Koeman.
Com contrato assinado para dirigir a seleção holandesa após a Copa do Catar, Koeman volta a trabalhar em janeiro mirando a Copa do Mundo de 2026, na América do Norte. Focado somente na equipe nacional, descarta pensar em retorno ao Barcelona, apesar das juras de amor ao clube. Desconsidera até retornar ao Camp Nou em 2022.
—Não, não vou. Quem sabe a partir de janeiro quando eu for treinador. Mas trabalhei muito bem com os jogadores e sempre tentei ser honesto com todos. E aceitei saídas para o bem do clube. Eu sou torcedor do Barcelona e isso não mudou, espero que possamos comemorar títulos com o Barça. Se houver pessoas como Xavi, Jordi Cruyff... — prosseguiu
Koeman não esconde a mágoa com Laporta, contudo.
—A verdade é que a situação do Barça é a mesma. Isto quer dizer que mudar um treinador nem sempre te garante melhorias. Não quero fazer nenhuma crítica, a única coisa que pretendo é apoiar o Xavi. O treinador não é o único culpado, eu não tive o apoio máximo do presidente. Espero que ele (Laporta) tenha aprendido e que apoie o Xavi —cutucou o holandês
— Certamente ele (Xavi) melhorou algumas coisas. O time contratou três jogadores que podem jogar na frente. Porém, não é bom comparar. Quando eu saí, o Barcelona estava a oito pontos (do líder Real Madrid) e agora está quase o dobro. A tarefa de Xavi é tão complicada quanto a minha. Não preciso mentir, se perdeu os últimos jogos em casa foi por alguma coisa. Essa é a realidade do Barcelona hoje. Precisa de tempo para voltar a ser o que era e, por isso, peço para terem tranquilidade e não pensar que não ganhou títulos. Tem de pensar a longo prazo, confiar e apoiar o treinador — prosseguiu Koeman.
No Barcelona, o holandês esteve em 67 jogos, com 39 vitórias, 12 empates e 16 derrotas. Sob seu comando, os catalães marcaram 138 e sofreram 75 gols.