Lucas Rangel, jogador de futebol natural de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, embarcou para o Brasil nesta quinta-feira (3). O atleta estava na Ucrânia e viajou de carro por 30 horas para conseguir sair do país e chegar até a Polônia. Em seguida, foi para Portugal, de onde conseguiu um voo com destino à sua terra natal. As informações são do portal G1.
O jogador de 27 anos nasceu no Rio Grande do Sul, mas fez carreira no Exterior. Nos últimos cinco anos, atuou em clubes da Albânia, Finlândia e Turquia. Há seis meses, mudou-se para a Ucrânia para integrar o elenco do Vorskla Poltava.
Na Ucrânia, Lucas morava em uma cidade que fica a 1h30min de Kharkiv, segunda maior cidade do país. Com a invasão das tropas russas na Ucrânia, Lucas e outros colegas do time ligaram para a Embaixada do Brasil e solicitaram ajuda para deixarem o Leste Europeu. Um representante da instituição chegou a pedir que eles ficassem atentos ao aplicativo de mensagens Telegram, porque seriam passadas orientações a eles. Depois, disseram para que eles evitassem sair de casa.
— Como tu vai ficar em casa numa situação dessa? A qualquer momento pode surgir uma bomba. Deu um desespero, resolvi dar fuga por conta própria — contou Lucas em entrevista à Globo News.
Fuga da Ucrânia
Lucas decidiu fugir por conta própria da cidade onde morava e convocou alguns amigos próximos, que eram também estrangeiros. Os colegas de time que eram naturais da Ucrânia não poderiam sair, porque o exército ucraniano convocou todos homens de 18 a 60 anos e em bom estado de saúde.
Para evitar a passagem por Kiev, que estava cercada por bombas, o atleta e os companheiros resolveram fazer uma rota alternativa de carro para a fronteira da Ucrânia com a Polônia.
— Se passássemos por Kiev, não sabíamos se iríamos sobreviver — contou ao G1.
O trajeto que normalmente demoraria 13h, acabou durando 30h. Depois, ainda seguiram por mais 5h a pé. Ao chegarem na fronteira, encontraram uma fila de ucranianos e outra de estrangeiros que estavam saindo do país. De acordo com Lucas, ao chegarem à Polônia, a primeira sensação foi de alívio:
— Só quem estava lá sabe o inferno que é aquilo. Você vê muitas tragédias. Os pais tendo que entregar as crianças por cima do portão para as mães, as crianças chorando. É muito triste. Jamais pensei que ia passar por isso.
Da Polônia, Lucas e os outros fugitivos foram até Portugal, de onde sairia o voo com destino ao Brasil. O atleta lamentou a situação que o país enfrenta e contou que estava gostando de morar na Ucrânia, porque estava crescendo profissionalmente.
— Eu estava vivendo um momento muito feliz, porque fui diretamente com a minha família para a Ucrânia. Comecei a fazer bons jogos, me destacar. A felicidade do atleta quando começam a acontecer coisas — lamentou.