Revelado pela base do Grêmio, entre 2007 e 2008, e com passagem pelo Inter, em 2011, o atacante Alex dos Santos Gonçalves, 31 anos, baiano radicado em Porto Alegre, passa por um drama na Indonésia, desde outubro. Após denunciar seu ex-clube, o Persikabo, à Fifa, questionando o pagamento de valores, e fazer um desabafo nas redes sociais, o jogador foi notificado pela polícia local e teve o passaporte retido na imigração. Com isso, não consegue renovar o visto de trabalho e nem pode sair do país.
Na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro publicou em seu perfil no Instagram que a Embaixada do Brasil na Indonésia se reuniu com autoridades do país do sudeste asiático em busca de uma solução.
— Se não houver nenhum óbice jurídico superveniente, existe a possibilidade de que ele consiga deixar o país no próximo dia 13 de dezembro (hoje). A Embaixada do Brasil tem acompanhado o jogador e prestado todo o apoio necessário — dizia a mensagem.
Porém, o desfecho ainda é um mistério, já que o atleta não retornou aos questionamentos feitos pela reportagem. No sábado, o jogador conversou com a Rádio Gaúcha e relatou seu drama.
— Em 2020, assinei com o Persikabo, mas, por causa da pandemia, eles alegram que não poderiam pagar os salários completos e que descontariam 75%. A federação de futebol da Indonésia autorizou, mas faltava um acordo comigo, que nunca foi feito. Eu saí do país, fui à Malásia e retornei à Indonésia no começou deste ano para jogar num outro clube (o Persita Tangerang).
Quando venceu o visto de trabalho, que havia sido providenciado pelo clube anterior, o Persita tentou fazer a renovação, mas o passaporte ficou retido na imigração.
— O meu ex-clube é de origem militar, do Exército, então eles têm muita influência sobre a polícia. Quando meu visto venceu, meu passaporte foi enviado para a imigração e lá ficou até hoje — desabafou o jogador, à Rádio Gaúcha.
Quando deixou a equipe antiga, no início do ano, o atleta ingressou com ação na Fifa alegando ter faltado acordo para redução salarial. A Fifa deu ganho de causa a Alex e notificou o Persikabo para que pagasse cerca de 60 mil dólares (R$ 340 mil).
— Hoje (sábado) mesmo falei com o Dunga e ele contou minha história. Não durmo direito, tenho medo de baterem na minha porta e me levarem. Eu imploro às autoridades brasileiras que me tirem daqui, só corri atrás dos meus direitos. Está tudo provado que não fiz nada de errado. Agora não posso nem trabalhar, tentar um contrato melhor. Na última reunião que eu tive com o clube, eles deixaram claro que se eu não retirasse a ação da Fifa eu ia para cadeia e não ia mais jogar futebol.
Alex está morando na cidade de Tangerang, que fica próximo à capital da Indonésia, Jacarta. Seu time atual, o Persita, joga a 1ª divisão do Campeonato Indonésio.