Miguel de Oliveira, campeão mundial de boxe em 1975, morreu nesta sexta-feira (15), aos 74 anos, em São Paulo. O ex-boxeador sofria de câncer no pâncreas, doença diagnosticada há apenas três meses e que o levou à internação e tratamento.
Sempre com a voz baixa, simpático e muito acessível, Miguel teve destaque no boxe nacional. Como pugilista, além da força nos punhos, se notabilizou pelas estratégias que traçava de acordo com cada adversário. Segundo especialistas na modalidade, era calculista, estudioso e frio.
Miguel parou de lutar ainda jovem, aos 28 anos, por não ter mais "motivação'" para encarar os treinos diários com a dedicação que um esporte como o boxe exige de seus praticantes. Chegou a retomar a carreira tempos depois, mas sem o mesmo entusiasmo.
Seu auge foi o título mundial dos médios-ligeiros em 1975, ao bater o espanhol Jose Manuel Duran Perez, por pontos, após 15 assaltos, em decisão unânime dos jurados. Saiu de Mônaco com o cinturão do Conselho Mundial de Boxe. Pendurou as luvas com 46 vitórias (28 nocautes), cinco derrotas e um empate.
Além de boxeador, Miguel também foi treinador. Seu principal discípulo foi Adilson Maguila Rodrigues, entre os anos de 1986 e 1988. Na época, o peso pesado obteve importantes vitórias no cenário mundial. Fora do boxe profissional, Miguel foi maratonista e instrutor de boxe.
— O Miguel foi um paizão para mim e para o Maguila. Dava conselhos, sempre equilibrado, com muita paciência. Ele foi muito importante para nós — afirmou Irani Pinheiro, mulher de Maguila.
Segundo Irani, o marido só será informado da morte de Miguel no final de semana, pessoalmente, na clínica onde está internado há vários anos – ele sofre com Alzheimer.
Newton Campos, presidente da Federação Paulista de Boxe, revelou que entidade respeitará luto por três dias:
— Um dia muito triste. Miguel foi um verdadeiro campeão dentro e fora do ringue. Correto em todos os sentidos. Dedicado, disciplinado e dono de muita técnica.