O Mundial Feminino de Snipe praticamente definiu a dupla campeã de 2021. As baianas Juliana Duque e Mila Beckerath novamente venceram as duas regatas do dia nesta sexta-feira (8), no Yacht Club Paulista, em São Paulo (SP), e abriram vantagem confortável na liderança do campeonato exclusivo para mulheres. A competição conta com 42 duplas de sete países e já foram realizadas seis provas ao todo.
As últimas regatas serão neste sábado (9) e com a entrada do descarte do pior resultado, Juliana Duque e Mila Beckerath precisam apenas de colocações medianas nas provas finais. As atletas somam apenas 6 pontos perdidos contra 18 da dupla formada pela croata Andela Viturri e pela norueguesa Maj Kristin Borgen. Em terceiro estão as brasileiras Martha Rocha e Larissa Juk com 19 pontos perdidos.
As representantes do Yacht Club da Bahia literalmente sobraram nas provas desde quarta-feira (6), que foram realizadas na Represa do Guarapiranga. Acertaram todas as largadas e nas montagens de boia abriram frente para as adversárias. No Campeonato, elas pegaram dois segundo lugares e quatro vitórias literalmente de ponta a ponta.
— Hoje foi bom outra vez. A gente abriu uma frente boa e faltam duas regatas agora. Vamos tentar velejar bem novamente. Largamos muito bem nas duas provas de hoje e acertamos a tática. Estou muito feliz — contou Juliana Duque, medalhista pan-americana em Lima 2019 e campeã mundial de Snipe de 2016.
As regatas de sexta-feira tiveram ventos variando de 8 a 12 nós, com mais intensidade na segunda prova do dia.
— Dever cumprido. Estamos mais aliviadas, principalmente hoje com uma regata difícil com vento rondado. Isso deu um trabalhinho. Estamos sobrando pois estamos alinhadas mesmo com pouco treino. A Juliana é unânime. Veleja muito — explicou Mila Beckerath.
A amizade das baianas é de longa data e não está apenas no esporte. Juliana Duque e Mila Beckerath são madrinhas de casamento uma da outra. Além disso, elas correram juntas o Mundial de Snipe Feminino de 2012, em Málaga, na Espanha, e ficaram na quarta posição.
— Muito bom o desempenho delas! Agora é ficar no top 15 no sábado para confirmar o título. A Ju e a Mila estão enfrentando concorrentes muito boas, o que não aparece na súmula — comemorou o treinador Rafa Martins.
Quatro anos depois, Juliana Duque ao lado da proeira Amanda Sento Sè foi campeã mundial em Bracciano, na Itália. O foco de Juliana agora passa a ser a Copa Brasil de Vela ao lado de Rafa Martins, agora na classe 470. O evento será em Ilhabela (SP) na semana que vem e reunirá as classes olímpicas e pan-americanas. A categoria 470, assim como o Snipe, será mista para Paris 2024.
A croata Andela Viturri está feliz com seu desempenho. Segunda colocada, a velejadora olímpica espera voltar a navegar bem nas regatas finais para se manter na zona do pódio.
— As condições da raia aqui no Brasil são bem difíceis! Hoje as regatas foram bem difíceis na represa. É impossível prever alguma coisa e por isso vamos pensar dia a dia.
O presidente da Confederação Brasileira de Vela esteve no Yacht Club Paulista para prestigiar o evento antes da viagem de visita técnica à raia olímpica de Marselha, onde serão disputadas as provas de Paris 2024. Marco Aurélio de Sá Ribeiro está contente com o crescimento da vela feminina no País.
— O Campeonato Mundial de Snipe tem um nível técnico muito alto. Velejam medalhistas pan-americanas, campeãs mundiais, representantes do Brasil em Olimpíadas e, principalmente, a nova geração da modalidade. Ver uma raia tão forte e meninas trocando experiências é muito importante para a vela feminina brasileira — disse Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela.
Além das atletas juvenis como Melissa Paradeda, filha de Xandi Paradeda, o evento conta com velejadoras experientes e consagradas na modalidade como as campeãs mundiais de 420 Isabel Ficker e Laura Zanni, Andrea Grael, mãe de Martine e Marco, Adriana Kostiw, Cacau Swan e Mônica Scheel, representantes do Brasil em Barcelona 92.
— De Barcelona em 1992 para cá tudo ficou muito mais profissional na vela, a turma está treinando mais e com mais recursos. Antes era bem amadora, nem técnicos a gente tinha acompanhado. A vela feminina cresceu muito, é muito legal ver tanta mulher reunida. Graças a Deus a mulherada apesar de ter filhos e tudo mais voltaram à vela e continuam até hoje - reforçou Monica Scheel.
As regatas finais do Mundial de Snipe Feminino estão marcadas para 12h deste sábado (9). Serão premiadas as campeãs junior e máster do evento.
Top 10 do Mundial (6 regatas e 1 descarte)
1º - Juliana Duque/Mila Beckerath (YCB/MB) 6 pontos
2º - Andela Viturri/Maj Kristin Borgen (CRO/NOR) 18 pontos
3º - Martha Rocha/Larissa Juk (ICSC/MB) 19 pontos
4º - Mariela Salermo/Florencia Buiatti (YCA/YCR) 31 pontos
5º - Marina Roma Fonte/Alexia Buck (CIC/YCSA) 33 pontos
6º - Odile Ginald/ Adhara Ginald (ICES/MB) 33 pontos pontos
7º - Kathleen Tocke/Jessica Claflin (EUA) 34 pontos
8º - Anna Julia Tenório/Débora Bergamini (EVI) 37 pontos
9º - Gabriela Kidd/Marina Issler (ICRJ/MB) 42 pontos
10º - Isabel Ficker/Laura Zanni (YCSA) 43 pontos