Realizado na Ilha Fiscal, no centro histórico do Rio de Janeiro, em 1889, o Último Baile do Império foi a última grande festa da monarquia, antes da Proclamação da República. Para reforçar a posição da Coroa contra forças oposicionistas, o evento era para se tornar inesquecível. De forma análoga, a excepcional série documental The Last Dance mostra a última conquista da NBA do magistral Michael Jordan e seu treinador Phil Jackson para o Chicago Bulls, em 1998.
Ao renovar rumo à sua sexta temporada, no momento de maior contestação por parte da torcida e da direção, Renato Portaluppi se encaminha, ao que tudo indica (como disse a jornalista Marília Ruiz em alusão à série acima referida), para a sua última dança, sempre ao lado de Bolzan. Vai conseguir deixar sua marca de predestinação e sucesso neste último baile?
Renato, para além de ser o treinador mais longevo, é o único que não teve alterada sua situação, entre as equipes da Série A. Todos os outros times trocaram seus comandantes no meio ou no fim da temporada, sem exceção. Pretendido por outros times, com oferta de salários mais altos do que o oferecido pelo Grêmio, o maior ídolo gremista se manteve fiel ao clube e ao presidente, lançando uma frase emblemática: "Se eu tivesse pensando em dinheiro, teria saído já. Tive três propostas muito maiores do que tenho aqui. Eu estou feliz aqui, eu amo o Grêmio".
Diferentemente do promíscuo e instável mercado dos treinadores no Brasil, vemos o Grêmio em um casamento estável com Renato, mas que não vive mais a doce lua de mel dos primeiros anos, tendo em vista que não ganha um título de expressão há mais de três anos. Já foi seduzido por propostas irrecusáveis de outros clubes de maior poderio financeiro, como a do Flamengo, em 2018, e a recente do Atlético-MG, mas não as aceitou.
Renato exigiu reforços do presidente para conseguir superar a má fase e triunfar nesta sua última dança, findando seu ciclo magicamente. Ou, como há amor envolvido, se ganhar mais taças, o casamento poderá render ainda muitas outras valsas.