Não há tristeza maior para um time grande que o rebaixamento. Pela terceira vez na história, o torcedor do Botafogo sente essa dor no Brasileirão. Com quatro rodadas de antecedência, os cariocas viram a esperança de salvação chegar ao fim com o 18° revés na competição. O Sport fez 1 a 0 no Nilton Santos, nesta sexta-feira (5), e deixou a zona da degola.
Nas outras duas vezes em que foi rebaixado, em 2002 e 2014, o Botafogo retornou à elite no ano seguinte. Já utilizando seus meninos e planejando a temporada 2021, o clube espera repetir a dose e comemorar, no fim do ano, nova volta à Série A.
Para isso, terá de fazer um planejamento melhor que o desta temporada, na qual investiu em reforços equivocados e não se cansou de trocar treinadores. Começou o Brasileirão com Paulo Autuori e deve terminar com Eduardo Barroca. Mas, ao longo desses 34 jogos disputados até então, ainda foi dirigido por Bruno Lazaroni, Flávio Tenius, Emiliano Díaz (o pai, Ramon Díaz, doente, nem chegou a assumir) e Felipe Lucena.
Diante do Sport, na escalação, apenas Zé Wellison e Caio Alexandre tinham mais de 25 anos. No mais, apenas jovens, casos de Diego Loureiro, Kevin, Sousa, Cesinha, Navarro, Romildo e Matheus Nascimento, todos formados no clube.
Diego Cavalieri, outro experiente do grupo, com dores no tornozelo, foi baixa de última hora. O problema deve tirá-lo do restante do Brasileirão. Sobrou para Diego Loureiro evitar que o Botafogo sofresse gols dos pernambucanos. A derrota decretaria a queda.
Dono de pior campanha como mandante, os cariocas queriam evitar mais uma mancha do rebaixamento em sua história. Ao menos adiá-la, pois apenas um fim de campeonato perfeito serviria pela manutenção.
O rival era o ideal. E tinha meta semelhante na partida. Pior visitante, o Sport entrou em campo com um jejum de quatro meses sem ganhar longe do Recife. Queria a terceira vitória fora de casa para sair da zona de rebaixamento.
No confronto dos piores ataques, as chances não foram poucas. Em mais um pênalti polêmico após a bola bater no braço e ser anotado com o auxílio do VAR, o zagueiro Maidana abriu o placar para o Sport. No lance, Romildo apenas fez movimento de se defender após o chute de Marcão. Com 23 minutos, mais uma vez o Botafogo tinha desvantagem no placar.
Desespero de um lado, e sugestão de alívio do outro. Não apenas por deixar a faixa de perigo, mas pelo retrospecto. O Sport ainda não havia perdido saindo em vantagem no Brasileirão. E levou a vantagem para o intervalo.
Em um segundo tempo de desespero e sob chuva, o Botafogo viu que sua missão de empate não seria fácil. Em dois lances seguidos, o atacante Dalberto cortou bolas que tinham endereço certo. Salvou o Sport em duas ocasiões com menos de 10 minutos.
Disposto a vender caro o resultado, o Botafogo fez um segundo tempo como há tempos não realizava. Pressionando, criando e desperdiçando uma chance atrás da outra. Ou Luan Polli defendia ou aparecia um zagueiro para cortar. Nos chutes fortes de Zé Wellison a pontaria foi falha.
Os últimos minutos foram na base do desespero e sem organização nenhuma, a cara da campanha botafoguense de somente 24 pontos. Todos queriam salvar o time de qualquer maneira. O amontoado de atacantes não deu em nada e o apito final fez todos desabarem no choro. Pela primeira vez na história o Botafogo perdeu no Nilton Santos para o Sport. Antes tinha vencido seis de sete jogos. Fim de tabu logo em mais um triste capítulo de sua história.
Os pernambucanos fizeram festa gigante ao sair da degola, colocando o Bahia entre os piores, enquanto muitos meninos em início de carreira choraram por uma queda da qual não tiveram culpa por serem lançados no fim do Brasileirão.
Quem deixou o campo com um duplo sentimento de alívio e dor foi o técnico Jair Ventura. Filho de Jairzinho, grande ídolo botafoguense, o treinador da equipe pernambucana também foi cria do time de General Severiano. Profissional, ao mesmo tempo em que comemorou mais um passo para salvar o Sport, não escondeu a tristeza pelo rebaixamento dos cariocas.