Pelo fato de Maradona se tratar do ídolo máximo do futebol argentino, sua morte causou um forte choque emocional no país. Porém, há brasileiros que também choraram sua perda. Um deles foi o ex-volante Alemão, que atuou com o camisa 10 no Napoli, da Itália, por quatro temporadas (entre 1988 e 1991), conquistando o título da Copa da Uefa e torneios nacionais.
— Está sendo um dia bem difícil. Um dia que você acaba perdendo um amigo, um ídolo, um gênio, um ícone. Não existe um adjetivo correto para o Maradona. Ele era um cara sensacional, um motivador. Todo mundo gostaria de ter passado quatro anos com ele, como eu passei — disse o ex-atleta em entrevista ao programa Esporte & Cia, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (26). — Quando eu cheguei, já havia um entrosamento muito grande entre o Maradona e o Careca. Nós éramos coadjuvantes, e o protagonismo era todo deles dois. Eram dois craques da bola. Tive momentos maravilhosos e o privilégio de ter convivido com este grande fenômeno que foi o Maradona.
Na discussão eterna entre os países sobre quem foi o melhor jogador de todos os tempos, Alemão discorreu mais sobre sua admiração pelo argentino.
— Eu não tive o privilégio de ver o Pelé jogar, mas dos jogadores que eu vi, não existiu ninguém igual a ele. Tenho um ídolo, que é o Zico, mas a arte do Maradona era única. Ele era extremamente habilidoso, um líder, e sempre se posicionou a favor das pessoas mais carentes. Um cara extremamente simples. Hoje a gente vê o Messi jogar, que é outro fenômeno, mas falta a característica de liderança nele. O Maradona, além de ser um fenômeno tecnicamente, era um líder. Motivava o time antes de começar a partida e, às vezes, já dizia até o resultado que seria. Eu tive o privilégio de conhecer o Maradona por trás das câmeras, como uma pessoa normal. Essa é uma lembrança que nunca se apagará — conta.
Além de companheiro de vestiário, Alemão também teve Maradona como rival. E sofreu nas mãos do camisa 10 quando a Argentina eliminou a Seleção Brasileira nas oitavas de final da Copa do Mundo de 1990, na Itália.
— Aquele foi um jogo dramático. Um jogo que nós tínhamos feito uma partida estupenda, muito superior à Argentina, e ele tirou um lance da cartola. Arrancou do meio-campo, passou primeiro por mim, foi driblando, passou depois pelo Dunga e deu um passe para o Caniggia. Foi, talvez, a única jogada que eles tiveram na partida, enquanto nós tivemos duas ou três bolas na trave. Acabou que o gênio criou uma jogada e aconteceu o que aconteceu. Obviamente, depois do jogo, ele veio falar com toda a sua educação o quanto nós fomos superiores e que o futebol era aquilo mesmo. Ele era esse cara: bacana e simpático, que nós vamos sentir muita saudade — finalizou.