Há 14 anos, Alphonso Davies vivia em um campo de refugiados em Gana. No domingo (23), às 16h, o canadense de 19 anos estará no campo em que milhões de crianças sonham em pisar um dia: o da final da Liga dos Campeões, no jogo entre Bayern de Munique x PSG.
A história incrível de um dos grandes destaques da temporada do Bayern começou a ser escrita antes do seu nascimento. Seus pais, Victoria e Debeah, tiveram de deixar a Libéria, no oeste da África do Sul, após o início da Segunda Guerra Civil do país, em 1999 — estima-se que entre 150 mil e 300 mil pessoas morreram no conflito.
— Você tinha que cruzar os corpos para ir e encontrar comida — relatou Victoria sobre como era a vida na Libéria antes de fugir. — Era difícil morar lá, porque a única maneira de sobreviver, às vezes, era carregando armas — completa o pai.
O casal foi parar em Buduburam, em Gana, a mais de 1 mil quilômetros da Libéria. Lá, em um campo de refugiados, foi o local do nascimento de Davies, em 2 de novembro de 2000. A família permaneceu em Gana até 2005, quando foram aprovados em um programa de reassentamento e integração de refugiados no Canadá.
Depois de cruzar o Atlântico, viveram em Ontario e Edmonton, onde Davies iniciou sua trajetória no futebol através de um programa social chamado Free Footie, que utiliza o esporte como ferramenta de integração de crianças carentes.
Aos 14 anos, foi convidado para atuar no time B do Vancouver Whitecaps, clube canadense que disputa a Major League Soccer, a Primeira Divisão dos Estados Unidos. Já em 2016, o lateral-esquerdo se tornou o jogador mais jovem a atuar na MLS, quando estreou no time principal do Whitecaps aos 15 anos.
Enquanto isso, na Alemanha, um sistema de computador dos olheiros do Bayern de Munique informava que um lateral de apenas 15 anos havia entrado em campo entre os profissionais. Começou aí o namoro do clube alemão com Davies, que virou casamento em 2018, quando o Bayern o comprou por 10 milhões de euros. E lá foi o canadense cruzar o Atlântico novamente.
Na temporada atual, assumiu a titularidade e viu o seu valor de mercado saltar para 60 milhões de euros — foi o jogador que mais valorizou no mundo após a paralisação na pandemia.
O título da Liga dos Campeões, porém, pode resultar em faíscas no relacionamento. Isso porque a sua namorada, a canadense Jordyn Huitema, é centroavante do time feminino do PSG. Problema pequeno, perto das adversidades que Davies já venceu na vida.