A goleada do Flamengo sobre o Bangu por 3 a 0, na noite desta quinta-feira (18), foi um dos pontos menos importantes no contexto do jogo, que marcou a retomada do futebol brasileiro — e nas Américas.
A realização da partida indicou a passagem por uma sequência de processos e protocolos, que envolveram testagem dos atletas, uma medida provisória assinada por Jair Bolsonaro que permitiu contratos de 30 dias e determinou ajustes no modelo de transmissão, e teve protestos — de clubes, como Botafogo e Fluminense —, e de torcedores.
A definição da Ferj
Ao longo da semana, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) se reuniu com os clubes na busca pelos ajustes que permitiriam o retorno do Campeonato Carioca. Dez dos 12 clubes eram favoráveis ao retorno, mas Botafogo e Fluminense foram firmes na posição contrária.
A federação determinou a volta para esta semana, e os dois clubes foram à Justiça desportiva estadual para tentar interromper o plano. Como não houve sucesso na tentativa, Botafogo e Fluminense seguirão juntos ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) — e não descartam até mesmo ir à Justiça comum para impedir que os jogadores, que mal retomaram os treinos, já sejam forçados a jogar.
Polêmicas sobre a transmissão
Depois da assinatura da MP do futebol por Bolsonaro, os presidentes de Bangu e Flamengo se manifestaram — mesmo que o Rubro-Negro não tenha fechado contrato com a Globo, indicou que a emissora poderia transmitir a partida, já que a MP prevê que o mandante — neste caso, o Bangu — tem direitos totais sobre a comercialização dos jogos. A Globo, no entanto, manifestou-se de forma contrária à transmissão do jogo na televisão para respeitar os contratos assinados previamente. Desta forma, o jogo foi apenas do rádio — não havia torcedores no estádio ou transmissão por TV.
Desrespeito ao protocolo
Como forma de permitir o retorno aos jogos, a Ferj estabeleceu um protocolo de segurança. Mas nem tudo foi cumprido à risca: segundo o jornal Lance!, o técnico Jorge Jesus, por exemplo, sentou-se no banco de reservas sem máscara em alguns momentos, o que é contra as regras previstas.
Manifestação
Se não havia torcida no lado de dentro do Maracanã, o lado de fora foi palco de protestos. Torcedores de diferentes clubes do Rio de Janeiro, mas especialmente do Flamengo, carregaram bandeiras e fizeram críticas ao governo Bolsonaro. Também havia camisas de Vasco, Fluminense, Botafogo e Bangu. O grupo de 30 pessoas foi dispersado com a chegada da Polícia Militar.
Mortes ao lado
O futebol não tem sido a única utilidade da estrutura do Maracanã. Do lado de fora do estádio, há um hospital de campanha. E, no mesmo dia que marcou a volta do futebol, o local registrou duas mortes por covid-19.