A cada dia, surge a notícia de um novo evento esportivo que é suspenso ou adiado por conta do avanço da pandemia do coronavírus. Além do Brasil, outros países paralisaram as competições esportivas temendo contágios em grande escala, enquanto federações continentais anunciaram o adiamento de seus torneios.
Situações como essas costumam acontecer em períodos de conflitos bélicos. Até hoje, por exemplo, apenas as duas Grandes Guerras Mundiais foram capazes de cancelar a realização de Copas do Mundo de futebol (1942 e 1946) e Jogos Olímpicos (1916, 1940 e 1944). Porém, ao longo da história, outras epidemias afetaram o calendário esportivo pelos continentes. Confira as mais graves:
Gripe espanhola (1918)
A pandemia mais grave do último século, sem dúvidas, foi a chamada gripe espanhola. Ela ganhou este nome porque, enquanto os demais países europeus estavam envoltos na Primeira Guerra Mundial, a Espanha — que se manteve neutra no conflito — seguiu noticiando e computando de maneira transparente seus contágios. Mas, apesar do nome, historiadores atribuem o foco inicial a um campo de treinamento do exército norte-americano, no Kansas-EUA.
Como as competições esportivas na Europa já estavam paralisadas desde 1914 por conta da guerra, foi nos torneios da América do Sul que o vírus acabou trazendo maiores transtornos. No Brasil, por exemplo, até mesmo o presidente Rodrigues Alves, recém-eleito, acabou morrendo por conta da gripe. O campeonato paulista foi adiado em três meses e, quando retomado, somente os jogos que envolviam times com boas pontuações foram disputados — sem a presença de público. No Rio de Janeiro, porém, a competição transcorreu normalmente e o jogador Archibald French, do Fluminense, morreu. O primeiro Campeonato Gaúcho da história, que seria disputado em 1918, foi cancelado.
Além disso, a terceira edição do Campeonato Sul-Americano (equivalente à atual Copa América), que seria sediada pelo Brasil, teve de ser adiada em um ano.
Gripe suína ou gripe A (2009)
O México, foco inicial da pandemia de 2009, foi o país mais afetado pela gripe suína (ou gripe A). Como na atual situação, o governo determinou o fechamento de escolas. Assim, o campeonato nacional de futebol foi finalizado, mas, para evitar um maior contágio, as partidas foram realizadas com os portões dos estádios fechados. As equipes mexicanas, porém, tiveram de abandonar a Libertadores. Na ocasião, Chivas Guadalajara e San Luís, que já haviam disputado a fase de grupos e enfrentariam, respectivamente, São Paulo e Nacional-URU nas oitavas de final, acabaram automaticamente eliminados.
Além disso, a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) cancelou o torneio sub-17 entre seleções, que estava sendo disputado em território mexicano, e adiou em dois meses a final da Liga dos Campeões da Concacaf, envolvendo Atlante e Cruz Azul.
Ebola (2014)
Em 2014, o continente africano viveu sua pior epidemia do vírus ebola. A situação fez com que a Confederação Africana de Futebol (CAF) cancelasse amistosos e partidas válidas pelas eliminatórias da Copa das Nações Africanas em países que apresentavam um alto índice de infectados — Guiné e Serra Leoa —, transferindo para outros locais.
No final das contas, o torneio acabou sendo realizado, mas houve uma troca no país-sede. Inicialmente, Marrocos pediu para adiar a realização da competição, prevista para 2015. Como não foi atendido, o governo retirou sua candidatura e os jogos ocorreram em Guiné Equatorial, que contava com uma estrutura pronta por ter sediado a edição anterior.