Quem acompanha futsal já ouviu falar no goleiro Bagé. O currículo dispensa comentários: sete títulos brasileiros, cinco gaúchos, quatro paulistas, três catarinenses, além da Copa do Mundo conquistada com a seleção brasileira em 1996. Mas agora ele corre atrás de outro objetivo: entrar para o livro dos recordes como o atleta mais antigo da sua posição, ainda em atividade, em todo o planeta.
Pelos seus cálculos, são necessários 25 mil dólares para custear a vinda da equipe do Guinness World Records, direto da Inglaterra, para que eles possam reconhecer o feito in loco.
— Os próprios companheiros de clube me perguntavam se havia alguém mais velho do que eu. Então, eu e meu filho entramos no site (do Guinness Book) e levou três meses para me darem o resultado. Já foi reconhecido. Agora estamos em busca deste valor para ressarcir o pessoal. É muito dinheiro, mas não podemos desistir. E, enquanto isso, eu sigo jogando — revela o goleiro, que tenta incrementar a arrecadação com a venda de um livro que conta sua história como atleta e funciona também como manual para goleiros iniciantes.
Aos 52 anos de idade, e 35 de carreira, Bagé se prepara também para iniciar mais uma temporada embaixo das traves da AABB, de São Paulo — onde joga desde 2009. Segundo ele, o segredo da longevidade está no tipo de treinamento.
— Eu me cuido um pouco mais. Os atalhos da quadra, a gente vai pegando com o tempo. Tenho um posicionamento muito bom e não preciso me jogar muito no chão. Mas me adaptei a jogar com os pés após a mudança da regra e consigo fazer todo treinamento dentro do meu limite. Minha esposa também fica me cobrando que eu tenho que me dosar mais nos treinos e, assim, consigo jogar bem e exercer o melhor do futsal — comenta ele.
Porém, quem parece ter decifrado o mistério para tanto tempo atuando em alto nível foi a estrela Falcão, a quem o goleiro viu surgir e, posteriormente, se despedir das quadras.
— Ele foi à cidade de Bagé para participar de um jogo beneficente e conheceu minha mãe, Amália, que vai fazer 97 anos. Aí ele disse: "Por isso que o Bagé vai jogar até os 69 anos". Tem genética no meio — brinca o goleiro.
Aliás, Falcão foi apenas um dos grandes nomes que atuaram ao lado de Bagé. Antes dele, ainda dividiu quadra com craques de diferentes gerações, como Barata, Ortiz, Manoel Tobias, Choco, Fininho, Lenísio e Vander Carioca. E pensar que, por pouco, essa história poderia nem ter acontecido.
— Meu nome é Luís Henrique Silveira Couto. Lá em Bagé meu apelido era Bola, por eu jogar handebol. E eu jogava como ala. Nas horas vagas é que eu entrava no gol. O goleiro era o Badico, que hoje é treinador do Grêmio Bagé, e foi centroavante depois — revela ele.
Mas, quis o destino que Luís Henrique fosse indicado por um professor para fazer teste no extinto time de futsal do Grêmio e, no longínquo ano de 1986, ganhou como apelido o local onde nasceu e, rebatizado de Bagé, passou por Enxuta, Inter, ACBF, Cortiana, São Paulo, Jaraguá, entre outros. O próximo passo é colocar a cidade no livro dos recordes.
— É o nome que levo mundo afora e tenho muito orgulho — diz ele, com um sorriso estampado.