A Espanha se consolidou como uma superpotência do basquete mundial. Se é difícil conquistar títulos com frequência em um esporte dominado amplamente pelos Estados Unidos, os espanhóis formaram uma base sólida e se aproveitam de circunstâncias para estar no topo sempre que possível — a vitória sobre a Argentina, no domingo, garantiu o segundo título mundial em 13 anos, período que também rendeu duas pratas e um bronze olímpicos.
O sucesso espanhol não é coincidência. Na Euroliga, por exemplo, o país teve pelo menos um representante nas semifinais em todas as temporadas desde 2004/2005, com direito a dois títulos para o Real Madrid e um para o Barcelona desde então. Além disso, jogadores nascidos na Espanha viraram jogadores consolidados na NBA — Pau Gasol foi bicampeão pelo Los Angeles Lakers em 2009 e 2010, Marc Gasol foi campeão da última temporada com o Toronto Raptors, e o armador Ricky Rubio tem uma carreira estável na América do Norte. Marc e Rubio estavam na seleção campeã deste ano e foram eleitos para o time ideal do torneio.
Fernando Romay, ex-jogador e prata na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, destacou o trabalho feito pelos espanhóis.
— Trabalho que vem desde a base, passando pela formação de treinadores e a organização de competições para todas as idades. Vocês (do Brasil) têm um Oscar Schmidt e uma grande quantidade de bons jogadores, não entendo como o basquete ainda não desbancou o futebol no Brasil — afirmou, em entrevista ao site da Betway.
No Mundial passado, Brasil e Espanha tiveram resultados similares: os dois foram eliminados nas quartas de final. Mas a seleção brasileira teve dificuldades de renovação. Neste ano, teve 100% de aproveitamento na primeira fase, inclusive com uma expressiva vitória sobre a Grécia de Giannis Antetokounmpo. Mas derrotas para Estados Unidos e República Tcheca encerraram as chances de classificação às quartas.
Como referência da dificuldade do Brasil em revelar novos nomes, os quatro maiores pontuadores da seleção no Mundial foram os veteranos Leandrinho Barbosa (13,6 pontos por jogo), Marquinhos Souza (10,2), Alex Garcia (10) e Anderson Varejão (10). Mesmo assim, a CBB aprova o trabalho do técnico croata Aleksandar Petrovic e quer mantê-lo na busca por uma vaga para os Jogos de Tóquio, em 2020.
— Nós aprovamos o trabalho dele e contamos com o Petrovic. Temos um acordo com ele e na próxima semana vamos conversar sobre junho do ano que vem. Do lado de cá, da CBB, queremos contar com Petrovic — afirmou Marcelo Souza, diretor da CBB, em entrevista ao Globoesporte.com.
Para 2020, Estados Unidos e Argentina ficaram com as vagas direta da América. Assim, o Brasil terá que disputar um pré-olímpico mundial, no ano que vem, com outros 15 países mais bem colocados no Mundial que não asseguraram vaga — Sérvia, República Tcheca, Polônia, Lituânia, Itália, Grécia, Rússia, Venezuela, Porto Rico, República Dominicana, Alemanha, Nova Zelândia, Tunísia, Canadá, Turquia.