SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Paris Saint-Germain (PSG) divulgou uma nota nesta segunda-feira (8) em que afirma que o atacante brasileiro Neymar não se reapresentou ao clube após viajar ao Brasil para assistir à final da Copa América entre Brasil e Peru, no domingo (7).
"O Paris Saint-Germain constatou que o jogador Neymar Jr. não apareceu na hora e no local combinados, sem ter sido previamente autorizado pelo clube. O Paris Saint-Germain deplora esta situação e tomará as medidas apropriadas resultantes dela", diz o comunicado da equipe.
Neymar informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ele cumpre compromissos comerciais e que se apresentará ao clube francês no dia 15 de julho. Segundo o estafe do jogador, esses eventos estavam agendados há meses e o clube foi comunicado com antecedência.
O compromisso citado pelo jogador é o Neymar Jr's Five, um torneio de futebol cinco,organizado pela Red Bull, patrocinadora do atacante. O evento acontece no próximo dia 13 de junho.
"O Instituto [Neymar] realiza esse evento há 5 anos e todos sabem dessas datas. Dia 10 temos programado a gravação das chamadas para o evento de final de ano do Instituto Neymar Jr. Dia 13/07, ele tem Neymar Jr's Five. Após essas datas ele se apresentará normalmente", disse a assessoria.
Em entrevista ao canal Fox Sports, o pai do jogador se queixou da nota do clube.
"Não entendo o porquê da arbitrariedade. Ficamos chateados, mas o PSG estava ciente dessa situação", disse ele.
O incidente ocorre em meio a especulações sobre a saída do brasileiro do PSG. Em entrevista à revista France Football, no início de junho, Nasser al-Khelaifi, presidente do clube, disse que iria se encontrar e conversar com "aqueles que não querem ou não entendem [o projeto do clube]."
"Quero jogadores que deem tudo para defender a honra da camisa e se associar ao projeto do clube. Claro que há contratos a serem respeitados, mas a prioridade é a total associação ao nosso projeto. Ninguém forçou [Neymar] a assinar aqui. Ninguém o empurrou. Ele veio sabendo que se juntaria a um projeto", afirmou o dirigente.
A imprensa da Espanha informou que o Barcelona negocia a volta do jogador. O clube, porém, não confirma o interesse em contratá-lo. "Não estamos recrutando ninguém no momento, especialmente esse jogador, com quem não tivemos contato", afirmou o vice-presidente do clube catalão, Jordi Cardoner.
Após quatro anos no Barça, Neymar chegou ao PSG em 2017, negociado por 222 milhões de euros (R$ 966,2 milhões em valores atuais). É a maior transação da história do futebol. Com contrato até 2022, sua missão seria levar o time francês ao inédito título da Liga dos Campeões.
O brasileiro, porém, vem enfrentando seguidas contusões e questionamentos sobre seu comportamento.
Na edição 2017/18 do torneio europeu, a primeira de Neymar na França, ele lesionou o quinto metatarso do pé direito antes da da partida de volta das oitavas de final, contra o Real Madrid, na qual o PSG acabou eliminado.
Em janeiro de 2019, Neymar teve nova lesão no mesmo local e novamente desfalcou a equipe na Liga dos Campeões --o PSG acabou eliminado para o Machester United, de novo nas oitavas.
Neste ano, ele soma 10 partidas disputadas (uma delas pela seleção brasileira), enquanto o PSG participou de 30 jogos e a seleção, 10.
Seu companheiro de clube Kylian Mbappé entrou em campo 30 vezes neste mesmo período (5 pela França), mesmo número de Roberto Firmino, da seleção brasileira.
Após 94 dias afastado, Neymar retornou ao futebol, em abril, na final da Copa da França, contra o Rennes. A equipe foi derrotada e, quando os jogadores subiam as escadas para receber a medalha de prata, o atacante agrediu um torcedor.
O ato levou o técnico da seleção brasileira, Tite, a retirar a braçadeira de capitão do seu camisa 10 e passá-la para o lateral-direito Daniel Alves.
A única partida de Neymar pelo Brasil em 2019 foi o amistoso contra o Qatar. Ainda no primeiro tempo, o atacante deixou o campo machucado.
Após exames constatarem lesão no ligamento tornozelo direito, ele foi cortado do elenco que disputou e venceu a Copa América.
Fora do futebol, o 2019 do camisa 10 também tem sido conturbado para o camisa 10.
No dia 31 de maio, foi acusado de agredir e estuprar a modelo Najila Trindade, em um hotel em Paris. Quando o caso se tornou público, ele estava concentrado com a seleção brasileira na Granja Comary, que chegou a receber agentes da Polícia Civil que buscavam mais informações sobre o jogador.
Convocado pela Justiça, prestou depoimento em 13 de junho em São Paulo e, dias antes, no Rio de Janeiro.
Neymar é alvo de duas investigações: na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher da capital paulista pela acusação de estupro e, no Rio, por ter divulgado fotos íntimas de Najila em um vídeo que ele mesmo postou nas redes sociais para se defender.
Durante a fase de grupos da Copa América, o atacante chegou a visitar a concentração da seleção brasileira em São Paulo. Ele também esteve presente alguns jogos do Brasil na competição, inclusive na final, mas nas tribunas.
Na partida do Maracanã contra o Peru, junto com seu filho David Lucca, ele assistiu o jogo no mesmo camarote que o presidente da CBF, Rogério Caboclo, e o presidente da República, Jair Bolsonaro. Lá também estavam ministros do governo, como Sergio Moro (Justiça), e cartolas do futebol, como Alejandro Domínguez (presidente da Conmebol).
Antes, na semifinal contra a Argentina, o atacante já havia se encontrado com Bolsonaro nos corredores do Mineirão.