Nem o mais otimista torcedor brasileiro imaginava que, na última rodada da fase de grupos, em São Paulo, a Seleção goleasse o Peru por 5 a 0. Agora, o cenário é o oposto. Não se pode esperar facilidade contra um adversário embalado em uma final de Copa América, depois de eliminar o Uruguai nos pênaltis nas quartas de final e o golear o Chile na semifinal. Tudo isso conduzido por uma geração que devolveu o país ao ambiente de Copa do Mundo após 36 anos de ausência.
— O Peru viveu sua lua de mel com o Mundial. Por isso, pensou que poderia jogar de igual para igual com o Brasil. Mas muita coisa mudou de lá para cá. Ricardo Gareca (o técnico argentino da seleção) mudou o ambiente da concentração, proibindo comunicações externas, com familiares e até banho de piscina. Creio que o jogo contra o Brasil fez a humildade da equipe voltar — comenta o repórter da TV América, Erick Osores.
Também não se pode esperar do Peru um futebol de encher os olhos. Coincidentemente ou não, o estilo de jogo da equipe é descrito pelo sobrenome de seu capitão e principal jogador: Paolo Guerrero, artilheiro máximo da história da seleção peruana. Com ele, os peruanos voltaram a sonhar em títulos continentais. Na Copa América de 2011, alcançaram o terceiro lugar. Conquistar a taça faz parte de um passado remoto – venceu em 1939 e 1975. Nesta última edição, inclusive, sob a batuta do craque Teófilo Cubillas.
— Cubillas está em outro nível. Guerrero pode ser o melhor camisa 9 da história do Peru — resume o jornalista peruano — As pessoas amam o Guerrero pelo que ele já fez, pelos gols que ele já marcou. Mas eu gosto mais dele agora. Está com a cabeça mais no lugar, é mais líder.
O ponto fraco da equipe é o meio-campo, onde não há jogadores de alto quilate para propor o jogo. Para se ter uma ideia, Cueva (ex-São Paulo e hoje no Santos) só virou titular a partir do corte do atacante Farfán. Assim, Gareca arma sua equipe com duas linhas bem fechadas, em um 4-4-1-1, priorizando não sofrer gols e especulando contra-ataques. Foi assim, por exemplo, que eliminou o Uruguai após segurar o empate sem gols por 90 minutos. À frente do goleiro Pedro Gallesse, do Alianza Lima, que não é lá muito confiável, a aposta recai sobre a liderança do zagueiro Carlos Zambrano, do Dínamo de Kiev.
— Há pouco tempo, o Peru tinha Guerrero na frente e Alberto Rodríguez atrás. Ele era um dos melhores zagueiros da América. Mas ele se lesionou contra a França, na Copa do Mundo, e nunca mais jogou. Quando perguntado sobre quem seria o seu substituto, disse: Zambrano. Penso que ele não se enganou. Zambrano colocou uma cota de experiência à defesa — afirma Osores.