A informação de que a Polícia Civil encerrou nesta segunda-feira (29) a apuração do caso Neymar sem indiciar o jogador investigado por estupro irritou Cosme Araújo Santos, advogado da modelo Najila Trindade.
Ele questionou o inquérito ser concluído sem a anexação de provas como o vídeo de Neymar chegando ao hotel em que sua cliente se hospedou em Paris. Ele usou palavras duras para classificar a decisão da delegada Juliana Bussacos, da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo.
— Se realmente é verdade, a defesa de Najila encara como um absurdo o que está vendo porque, de maneira inusitada tendo a delegada pedido prorrogação para concluir o inquérito policial, resolve (encerrar a investigação), sem as diligências citadas, a exemplo da ausência do vídeo que, segundo informações, estaria por vir de Paris — disse.
O advogado reclama porque a gravação do circuito interno do hotel poderia mostrar se Neymar estava cambaleando ou se discutiu com alguém no estabelecimento. Caso isto tenha ocorrido, comprovaria parte da versão de Najila que declarou que o jogador estava alterado e agressivo. Por este motivo, Cosme afirmou que o "inquérito é inconclusivo".
O representante da modelo ressalta que não teve acesso ao relatório da delegada, documento que contém um resumo das investigações. Mas argumentou que não precisa avaliar o material para criticar a entrevista coletiva marcada para esta terça-feira (30).
O incômodo existe porque a investigação correu em sigilo e assim permanece ao ser remetida ao fórum. Ele acredita que declarações da delegada podem comprometer o caso.
— A defesa repudia uma entrevista de uma autoridade de um caso que já está sub judice, ou seja, já houve manifestação do juiz e poderá ter uma instrução criminal. A posição desta entrevista poderá ser influência negativa para vítima. Mais que isto, jogar a opinião pública mais uma vez contra a alegada vítima — afirmou.
Outro motivo para a reclamação de Cosme é o fato de o Ministério Público poder pedir novas investigações à Polícia Civil. Ele argumentou que as respostas podem comprometer a isenção da delegada caso seja requisitado pelo MP novas providências. Bussacos teria de tratar de uma pessoa sobre a qual já emitiu opinião.
— Mesmo sem indiciamento do acusado, não pode a delegada dar entrevista em coletiva para toda a imprensa sob um inquérito policial sigiloso onde poderá ter novos desfechos e o Ministério Público pode pedir diligências — disse.
O advogado ainda comentou o vídeo que estaria no tablet e no celular de Najila, aparelhos que teriam se perdido no decorrer do caso. Afirmou que o conteúdo foi descrito em entrevista concedida na semana passada por Estivens Alves, ex-marido da modelo e que teve acesso ao material. Cosme falou que a gravação não tinha grandes revelações, mas foi usada para jogar a opinião pública contra a cliente.
— Aquilo ali foi o que fez a opinião pública passar a considerar Najila uma pessoa mentirosa. Foi por conta de algo que não somaria à investigação — declarou.
A modelo e seu representante não tiveram o desfecho que gostariam. Cosme diz que a cliente acreditou até o último momento que Neymar seria indiciado:
— Najila acreditava (no indiciamento) e dizia que tinha certeza baseado no que ela passou.