PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Everton foi o primeiro jogador a pisar no gramado do CT do Grêmio, na segunda-feira (24), para o treino da seleção brasileira. Ele puxou a fila sorrindo, até saltitante, com a desenvoltura de quem está em casa e com a confiança de quem se tornou uma das principais peças da equipe nacional na Copa América.
Não era assim há pouco mais de duas semanas, quando o time fazia parte de sua preparação para a competição em Porto Alegre. Era uma demonstração de clubismo, não há dúvida, mas o atacante de 23 anos do Grêmio recebeu vaias de parte do público no treino e no jogo realizados no estádio Beira-Rio, do rival Internacional.
Naquele momento, Everton era reserva de David Neres, que marcou um bonito gol na vitória por 7 a 0 sobre Honduras e assegurou sua vaga de titular no início da Copa América. Mas muita coisa mudou desde o duelo preparatório e as quartas de final, etapa à qual o cearense chega cheio de moral.
Reserva nas duas primeiras partidas da competição, o camisa 19 entrou bem em ambas e acabou sendo promovido à equipe principal. Escalado contra o Peru, foi tão produtivo no triunfo por 5 a 0 que teve o apelido Cebolinha berrado pelo estádio de Itaquera, em São Paulo. Naqueles gritos, na arena do Corinthians, não havia clubismo.
Os elogios não ficaram restritos às arquibancadas. O treinador Tite exaltou o trabalho feito pelo atleta nas disputas mano a mano com o lateral Advíncula, fisicamente mais forte, e os companheiros celebraram a produção de um atacante cuja convocação para a Copa América havia sido questionada.
"Está jogando muito, jogando demais", resumiu o meia-atacante Willian, que é um de seus concorrentes por vaga no time verde-amarelo. "Ele merece toda essa exaltação, os gritos do nome dele. Ele já tinha entrado bem no jogo contra a Bolívia e foi o melhor em campo contra o Peru", acrescentou.
"O Everton é um cara que está pronto, um cara que vejo jogando na Europa perfeitamente. Ele sempre escolha a jogada certa e se coloca bem, isso faz diferença. É um cara que abre a marcação, que encara. Quem sai ganhando é a gente, que joga perto dele", concordou o lateral Filipe Luís, seu parceiro pelo lado esquerdo.
Foi assim, sob aplausos, que ele retornou a Porto Alegre. Como o duelo das quartas de final será na Arena do Grêmio, não no Beira-Rio, a repetição das vaias é improvável. Certamente haverá também torcedores do Internacional no estádio na quinta-feira (27), mas o momento do atleta é tão bom que fica difícil imaginar uma recepção ruim até mesmo dos colorados.
"Depois da partida que fizemos, o time todo vai ser bem recepcionado na Arena. Com certeza, a torcida vai nos apoiar bastante. E, falando particularmente, fico muito feliz de voltar com a seleção a um canto que conheço de cor. Conheço cada metro quadrado daquele gramado e espero ser feliz lá de novo", disse Everton.
Tite também espera uma jornada alegre, sem as vaias ouvidas nas duas primeiras rodadas da Copa América. Diante do Paraguai, o comandante pretende seguir o embalo da goleada sobre os peruanos e construir mais um resultado sem sustos, que faça o Brasil crescer na busca pelo título dentro de casa.
Para isso, ele não poderá contar com o cabeça de área Casemiro, suspenso. Seu substituto provavelmente será Fernandinho, que voltou a treinar após alguns dias afastado por um problema no joelho direito. O técnico já avisou que será ele o titular se o atleta reunir condições físicas de entrar em campo.
Nos 20 minutos que puderam ser acompanhados do treino de segunda (24), o paranaense não demonstrou maiores limitações. Já o goleiro reserva Cássio, que sentiu dores no quadril na atividade de domingo (23), ainda em São Paulo, ficou em tratamento no hotel e não chegou a trabalhar na Arena do Grêmio.