A transação que levou o argentino Emiliano Sala a tomar o trágico voo de Nantes, na França, à Cardiff, no País de Gales, em 21 de janeiro, ainda gera embate burocrático entre os clubes envolvidos. O tema deixa representantes dos times constrangidos e ainda inspira cobrança por parte da Fifa para que o imbróglio sobre a negociação do jogador morto seja resolvido sem a necessidade de um julgamento.
O impasse ocorre por conta da cobrança do Nantes no valor de 6 milhões de euros (cerca de R$ 27 milhões). Essa era a primeira parcela do total de 17 milhões de euros da transferência (aproximadamente R$ 74 milhões) que levou Sala ao Cardiff, time do País de Gales que disputa o Campeonato Inglês. O clube não chegou a efetuar o pagamento, já que o argentino ainda dependia de regularização para atuar no futebol britânico.
Tanto o Cardiff quanto o Nantes manifestam publicamente que o tema ainda está em aberto, mas informaram ter a necessidade de sigilo para que a negociação avance. O receio principal é o desgaste da família do jogador falecido.
Sem a aceitação do pagamento, os dirigentes do Cardiff buscam um acordo amigável com o Nantes. Só que as primeiras solicitações de uma reunião presencial com a diretoria do clube francês sequer foram respondidas, segundo o jornal inglês The Telegraph.
Para o Cardiff, a direção do Nantes era responsável pelo fatídico voo organizado por Mark McKay, filho do intermediário Willy McKay, encarregado pelos franceses de encontrar um clube inglês para Sala.
O Nantes argumenta que um Certificado Internacional de Transferência (CIT) registrando a contratação de Sala pelo Cardiff foi emitido antes do acidente. Portanto, nesta visão do caso, o argentino legalmente não estaria mais sob responsabilidade dos franceses.
Enquanto isso, a Fifa acompanha a situação e recomenda um acordo rápido entre as partes. A entidade, no entanto, ameaça interferir em caso de continuidade do impasse. O posicionamento oficial é de que o problema pode ir a julgamento a qualquer momento.
O embate entre os clubes começou em fevereiro, dias depois de o corpo do jogador ser encontrado no fundo do Canal da Mancha, onde o avião caiu. Desde então, nenhum dirigente de Nantes e Cardiff se pronunciou oficialmente sobre este detalhe do caso.