O jogador Samuel Barbosa Costa, 16 anos, das categorias de base do Flamengo, foi um dos sobreviventes do incêndio que atingiu o CT Ninho do Urubu, na madrugada desta sexta-feira (8). Ele falou sobre "o pesadelo" que foi a tragédia, que matou 10 jovens atletas do clube carioca e deixou mais três feridos. Outros 13 jogadores conseguiram escapar sem ferimentos.
— Foi coisa de Deus estar vivo. Acordei por volta das 5h com uma fumaça forte no quarto, saí para saber o que estava acontecendo e vi muita fumaça e fogo — disse Samuel, que é zagueiro da base do clube e mora no Rio há seis anos.
De acordo com o jogador, o incêndio atingiu um contêiner com oito quartos — o seu era o segundo.
— O clima é de muita tristeza, ninguém acredita. É um pesadelo — afirmou o jogador.
Para acalmar os familiares que moram em Teresina (PI), Samuel gravou um vídeo depois do incêndio para dizer que estava bem. Na gravação, ele relata os momentos de sofrimento.
— A maioria dos atletas está bem. Alguns não conseguiram (escapar) porque a intensidade de fogo era muita, muita. O ar-condicionado pegou fogo, daí foi gerando um curto-circuito em todos os ar-condicionados, pegando tudo. Foi muito rápido, muito rápido. Não deu pra conseguir chamar quase ninguém — explicou o zagueiro.
A família de Samuel foi do Piauí para o Rio de Janeiro há dois anos para que o jovem tentasse uma oportunidade no clube. O Flamengo só abriga em suas dependências atletas de fora do estado. O rapaz ficava no alojamento de contêineres no CT. Sua família mora próxima, em uma casa no bairro de Vargem Grande.
Segundo Marcia Santos, 34 anos, madrinha de Samuel, as informações chegaram às 5h para a família, e o Flamengo avisou que seu parente não corria risco às 7h. Ao todo, 26 jogadores estavam nos dormitórios. Todas as vítimas foram identificadas como atletas: nove da equipe sub-15 e um do time sub-17. Eles tinham entre 14 e 16 anos.