Durval Queiroz Neto pode quebrar um paradigma para os brasileiros. O mato-grossense, que joga futebol americano há menos de quatro anos, foi chamado para participar de um "combine" de estrangeiros oficial da NFL, uma espécie de peneira que serve para que o defensive tackle de 26 anos seja avaliado por olheiros da liga profissional dos Estados Unidos. Durval, que começou a jogar no Cuiabá Arsenal, mudou-se para os Estados Unidos no início do ano passado para entrar no radar da NFL.
Se for um dos quatro escolhidos no combine, o jogador ficará no elenco de treinos em um time por uma temporada inteira. E ele deixa o objetivo claro: ter a chance de fazer parte de um elenco de jogo — são 53 atletas em cada uma das 32 franquias.
Atualmente, o único brasileiro na NFL é Cairo Santos, o kicker que tem passagens por Kansas City Chiefs, Chicago Bears, New York Jets, e que atuou no Tampa Bay Buccaneers na temporada 2018. Durval diz que um dos seus objetivos é se transformar no primeiro defensor brasileiro na liga.
Como você começou a jogar futebol americano?
Tive contato antes com o esporte, mas comecei a jogar futebol americano em 2015, em Cuiabá , pelo Arsenal. Eu e meu irmão fomos convidados para jogar e transferimos a nossa faculdade de Tangará da Serra para a capital.
Como surgiu a oportunidade de participar do programa da NFL?
Em janeiro de 2018, eu e o KJ (agente do jogador) viemos para os Estados Unidos após ele ter sido certificado como agente da NFL. Ele poderia me colocar no radar da liga. A outra situação é que a NFL tinha criado uma regra que beneficiava jogadores internacionais. Times poderiam ter um jogador internacional no practice squad (elenco de treinos). Após alguns meses treinando com os scouts da NFL, responsáveis pelo programa Undiscovered vieram até nós, me testaram e gostaram da nossa história e dos meus números. Me mandaram para o Brasil e só poderiam me dar uma resposta em novembro. Eu voltei para o Brasil e joguei alguns jogos pelo Galo FA. O scout da NFL foi até o Brasil para conhecer a minha família e dizer que eu tinha sido aceito no programa e iria representar o Brasil. Foi uma emoção muito grande para todos nós.
Quais são os seus planos para a carreira? A ideia é permanecer nos Estados Unidos?
Meus planos são ter uma boa carreira na NFL. Não vai ser fácil estar entre os quatro nomes ao final do programa, mas estou trabalhando para isso. Uma vez aceito, posso ficar até três anos na liga jogando no time de treino, mas quero brigar por uma vaga no elenco de 53 jogadores.
Quais são as suas principais características como jogador?
O que me diferencia de outras pessoas com os mesmos atributos físicos, que têm o mesmo peso e mesma altura, é a minha velocidade e agilidade. Foi isso que chamou a atenção dos scouts.
Qual é a sua principal inspiração na liga?
Minha principal inspiração é JJ Watt, o defensive end do Houston Texans.
O Brasil já tem um kicker na NFL, o Cairo Santos, e mais alguns kickers a caminho. Você acredita que pode quebrar a barreira e abrir espaço para mais brasileiros de outras posições?
Com certeza, eu penso isso todo dia. E quero não, eu vou. Isso foi escrito por Deus na minha vida. Com o treinamento técnico que esses jogadores têm aqui, se conseguirmos levar isso para o Brasil ou trazer esses jogadores para cá, a ponte direta entre o futebol americano no Brasil e ligas como a NFL, AAF e CFL pode acontecer mais vezes do que imaginamos. Os atletas existem no Brasil, nós temos atletas de ponta em todos esportes do mundo. Por que não no futebol americano, que é o esporte que mais cresce no Brasil?