No último dia 2, teve início a entressafra do futebol brasileiro. É um período de depressão para nós, fanáticos por futebol, daqueles que não perdem jogo na TV, não importa a série ou o país, nenhum programa de rádio escapa do radar.
Época em que proliferam partidas de exibição e de homenagem. No lugar de corpos sarados, veremos ex-atletas bem fornidos que ainda demonstram habilidade eterna no trato da bola. Geralmente são notórios cobradores de falta, exímios goleiros, consagrados meio-campistas que batem de trivela, pifam atacantes. Veremos centroavantes outrora velozes hoje mais robustos, reduzidos à máxima de que "a cabeça pensa, mas o corpo não obedece".
A entressafra também reserva a súbita notoriedade de jogos das categorias de base através de torneios tradicionais. São as incubadoras de craques do futuro, mas que hoje não despertam a menor atenção.
Outro passatempo para fanáticos por futebol são as intermináveis reprises de jogos. Assistiremos jornadas épicas de nossa equipe do coração. E fiascos homéricos que custaram o título, a classificação, a consagração por um átimo de segundo.
Doentes por futebol, como eu, sofre até a chegada do "charmoso" Gauchão. É considerado um certame do tipo "engana-bobo". Afinal, time de verdade se conhece no segundo semestre, época de grandes competições que separam promessas de realidades concretas dentro do campo.
O período de estiagem futebolística exige paciência para ouvir programas esportivos. Ali proliferam boatos e notícias plantadas por empresários e dirigentes sobre possíveis reforços para nosso time do coração. Sonha-se com Gabigol, mas a realidade é Jael. O sonho é Bruno Henrique, mas o nome é Rithely. Ó, dias, ó, dor... findo o Brasileirão é hora de viver de migalhas, lembranças e esperança.
Colorados e gremistas fazem planos, não importa o tamanho da decepção de 2018. O ano novo chega repleto de promessas do tipo "este ano vamos montar um grande time, qualificar o plantel para suprir momentos de lesão e suspensões".
Ao longo do ano, porém, "quebra-galhos" aquecerão no banco de reservas. Nomes vaiados quando surgem no placar eletrônico ou que jamais confirmaram no time principal as decantadas qualidades dos juniores serão titulares em momentos decisivos. E tudo se mostrará como é, ou seja, uma grande ilusão.
Mesmo assim, é preciso ter fé. Acreditar faz de nós, fanáticos por futebol, uma raça indestrutível, poderoso e presente em todos os lugares!