O técnico Renato Portaluppi não poupou críticas a forma de jogar do Inter, no clássico do último sábado (12), que terminou sem gols, na Arena.
- Foi um time grande, de Primeira Divisão, contra um time de Segunda Divisão. Se fosse torcedor do Inter, não estaria nenhum pouco satisfeito com o meu time. O Inter joga como time pequeno. Se alguém me falar que (o Inter) joga como time grande, tem de pensar se está na profissão certa. Felizmente o trabalho no Grêmio, que dá volta olímpica, massacra os adversário como massacramos o Inter. Eles tem um jeito de jogar e eu respeito isso. Só não vem me falar que é como se fosse time grande.
As críticas ácidas de Renato levantaram diversas discussões. Será correto o modelo de jogo colorado, que obteve sucesso no Gre-Nal, mas que fracassou no Maracanã, diante do Flamengo ?
Para o técnico Odair Hellmann o que foi pensado deu resultado diante do rival, que entrou em campo como favorito.
- A estratégia deu tudo certo. A gente não veio para jogar por uma bola. É diferente de ser agressivo no setor de marcação. Gostaria de parabenizar a equipe. O grupo foi comprometido, mesmo com todas as cobranças. Jogo de hoje foi muito organizado. Jogadores que sentiram a lesão se colocaram à disposição. Foi um jogo com desfalques. Isso mostra o comprometimento. Viemos aqui para ganhar, levamos um ponto, e tiramos dois do adversário. Falaram que seria 7 a 0, 6 a 0. Não existe jogo jogado, cada jogo tem uma história.
Nos números do Gre-Nal, de acordo com o site Footstats, o Grêmio terminou o jogo com 75,2% de posse de bola contra apenas 24,8% do rival. As duas marcas são recordes no atual campeonato brasileiro, tanto no aspecto positivo quanto no negativo.
Aliás, nos 47 jogos já disputados na competição, nem sempre ter mais posse de bola significa vitória. Dos 32 vitoriosos, 13 deles tiveram menos domínio da bola, 40,6% dos times que deixaram o campo comemorando os três pontos.
O próprio Inter já vivenciou isto neste Brasileirão. Sua única vitória, 2 a 0 sobre o Bahia, veio quando o time comandado por Odair teve 45,2% de posse de bola contra 54,8% dos comandados de Guto Ferreira. Já na segunda rodada, diante do Palmeiras, foram os colorados que deixaram a partida com maior domínio (53,1%). Porém, o vitorioso foi o time de Roger Machado, que repetiu a dose na vitória sobre o Atlético-PR.
Na terceira rodada, o Inter dominou o time reserva do Cruzeiro e mesmo com 58,4% de posse de bola, ficou no 0 a 0 com a equipe mineira. Já contra o Flamengo, no Maracanã, o time de Odair só teve 38,3% de controle da bola e viu os comandados por Maurício Barbieri marcarem 2 a 0.
Para o comentarista Maurício Saraiva, é preciso analisar um pouco além dos números.
- Posse de bola é como todos os demais números em futebol: sem contexto, não tem valor. Se o Inter tivesse capacidade ofensiva, os 25% de posse de bola poderiam resultar em vitória. O problema é que, no formato de time do sábado e com aquelas peças, não havia qualidade para aproveitar a tal bola do jogo. Da mesma forma, a posse de bola do primeiro tempo do Grêmio foi dispersiva. A do segundo tempo teve verticalidade suficiente para vencer, só empatou.
Confira os times que venceram no Brasileirão, sem ter a maior posse de bola.
América-MG 3 x 0 Sport - 39,3%
Inter 2 x 0 Bahia - 45,2%
Paraná 0 x 4 Corinthians - 49,8%
Fluminense 1 x 0 Cruzeiro - 34,8%
Palmeiras 1 x 0 Inter - 46,9%
Paraná 1 x 2 Sport - 35,2%
América-MG 2 x 1 Vitória - 45,3%
Atlético-PR 1 x 3 Palmeiras - 43,4%
Sport 2 x 0 Bahia - 49,7%
Corinthians 1 x 0 Palmeiras - 48,7%
Chapecoense 3 x 2 Flamengo - 42,4%
Vasco 2 x 3 Vitória - 43,3%
Atlético-PR 1 x 2 Atlético-MG - 39,7%
Fonte: Footstats