Se valesse apenas a estatística, o Grêmio terminaria este sábado (12) contabilizando mais três pontos no Brasileirão. O time predominou na Arena em arremates, escanteios e posse de bola e encaixotou o Inter em seu campo durante todo o tempo. Jogos, contudo, se decidem em gols e isto faltou para a equipe de Renato Portaluppi. Aguerridos, e sem D'Alessandro, os comandados de Odair Hellmann suportaram com valentia a pressão e foram os únicos com motivos para festejar. Agora, o Grêmio embarca para a Venezuela atrás da classificação matemática na Libertadores. A seu modo, o Inter sai com vida do caldeirão da Arena e ganha uma semana inteira para respirar.
A tarde foi de emoções na Arena. Antes do jogo, o estádio viveu o mais emocionante minuto de silêncio desde sua inauguração, com aplausos das duas torcidas para o falecido presidente Fábio Koff. Dirigente que teria sua memória outra vez evocada no intervalo, durante a reprodução de um texto lido por ele, em que evocava as raízes de seu gremismo.
Quando a bola rolou, o jogo converteu-se em um fiel retrato da realidade atual das duas equipes. A posse de bola do Grêmio, em média de 80%, refletiu a estratégia de cada um. Melhor time do país, o dono da casa se impunha com rápida e atordoante troca de passes e estocadas pelos dois lados do campo, de modo especial o direito, na boa parceria dos velozes Madson, escalado no lugar de Léo Moura, com dores musculares, e Alisson. O predomínio tricolor começava pelos pés de Arthur e Maicon, com acentuado acerto de passes.
Visitante, o Inter fez o que lhe cabia diante da instabilidade de seu momento. Armou-se com Dourado na frente da área e compôs uma linha de quatro jogadores, da direita para a esquerda com Rossi, escalado porque D’Alessandro foi vetado pelas dores musculares, Zeca, estreante do dia, Patrick e Lucca. A estratégia funcionou, como refletem os números do jogo. Apesar do absoluto domínio, o Grêmio não teve sequer uma situação clara de gol no primeiro tempo. Muito por culpa do árbitro Wilton Pereira Sampaio. Aos 29 minutos, ele deixou de assinalar pênalti de Fabiano, que puxou Cortez pelo ombro e o derrubou dentro da área. A história da primeira etapa poderia ter sido alterada se o pênalti fosse marcado.
A primeira chance foi do Inter. Eram três minutos quando Damião, pela esquerda, investiu entre os zagueiros adversários, mas bateu longe da meta.
O Grêmio parecia não ter pressa para atacar. Sabia que poderia se repetir o enredo de outras partidas, em que, de tanto martelar o time contrário, achou o espaço que lhe permitir fazer o primeiro gol. Aos 14 minutos, depois de troca lateral de passes, Maicon lançamento longo para Madson, que não alcançou. Não saiu o gol, mas a torcida percebeu que havia um caminho a ser explorado.
Satisfeito com o empate, Danilo Fernandes, goleiro do Inter, demorava-se a repor a bola, o que lhe valeu uma advertência da arbitragem. Defender-se e explorar os contra-ataques era o recurso. Aos 15, Moledo atravessou o campo com a bola sob controle e deu a Damião, que chutou nas mãos de Grohe. Uma das raras vezes em que o centroavante colorado não parou diante dos exuberantes Geromel e Kannemann.
Não era o jogo dos sonhos da torcida presente à Arena. Ao Inter, faltava pressa. Ao Grêmio, capacidade de penetração.
Tanto que a puxeta de André, a 25 minutos, que parou nos pés de Everton, que bateu por cima foi o lance que mais animou a torcida. Houve nova chance logo depois. Luan aproveitou a saída errada do Inter e deu a Everton, que bateu para fora, com muito risco para Danilo Fernandes. O perigo cabeceio de Geromel, a 37 minutos, após escanteio batido por Luan, foi a derradeira chance do primeiro tempo. Que, claramente, terminou da forma sonhada pelo Inter.
Com menos de um minuto de segundo tempo, o Grêmio criou sua chance mais clara. Luan, pela esquerda, fez cruzamento por trás dos marcadores e André, quase caindo, bateu por cima. Parecia um recado ao Inter de que a pressão seria ainda maior e, diferentemente do primeiro tempo, mais objetiva. Aos cinco, Alisson, na frente da área, concluiu longe.
Acuado, o Inter passou a abusar das faltas. Primeiro, por Patrick. Depois, com Lucca, que recebeu amarelo. Aos nove, Luan bateu falta com perigo. Repetia-se o quadro da primeira etapa. Depois de lance em que Moledo chocou-se com Luan dentro da área e o atacante do Grêmio reclamou de pênalti, o Inter deu uma inesperada alfinetada, finalizada com o chute de Rossi.
As seguidas paralisações para discussões só ajudavam o Inter, a quem interessava que o tempo passasse sem maiores consequências. O time tratou de ganhar tempo até na substituição de Zeca por Gabriel Dias. O Grêmio também contribuía para os interesses colorados, por vezes trocando passes de forma excessiva, quando o melhor seria tentar o chute.
Ao perceber o cansaço do adversário, o Grêmio alongava o campo, com passes em profundidade, que forçavam a marcação a correr de um lado a outro. O defeito seguia sendo a má complementação das jogadas. Moledo, de boa atuação, salvava os lances mais perigosos. E o árbitro voltou a errar ao não marcar toque de mão de Cuesta dentro da área.
Aos 35 minutos, Danilo Fernandes livrou o Inter do pior em salvadora defesa após cabeceio de Alisson. Depois, Luan bateu de longe e voltou a assustar o Inter.
Ainda haveria muita insistência do Grêmio, que não se traduziria em gols.