Na NFL, é quase impossível ser bom por muito tempo. Também é quase impossível ser ruim por anos em sequência. O modelo adotado pela liga profissional de futebol americano dos Estados Unidos força todos os times ao centro, com um padrão de equilíbrio que permite aos torcedores das 32 franquias sonharem com conquistas próximas.
Na próxima semana, a parte principal deste processo entra em ação. Na quinta-feira, em Dallas, começa o draft — processo de recrutamento de jogadores universitários para a liga profissional. A primeira escolha pertence ao Cleveland Browns, que teve a pior campanha da temporada passada. O campeão do Super Bowl, Philadelphia Eagles, terá a última escolha. São sete rodadas ao total, entre quinta e sábado. Com esta lógica, a tendência é que sempre os melhores jovens jogadores vão para os piores times. E os melhores times não conseguem se renovar — ou pelo menos têm mais dificuldade em fazê-lo. Claro que jogadores como Tom Brady são capazes de carregar seus times a sucessos longevos, e times mal geridos podem enfrentar secas mais duradouras, mas são a exceção que confirmam a regra.
Outro fator que complementa a tentativa de equilibrar tudo é o teto salarial. Os times têm um mínimo e um máximo que podem gastar em salários com os seus elencos, e times campeões não conseguem manter todos os seus pilares por muito tempo, ainda que as grandes estrelas sejam prioridade nas renovações contratuais.
A busca é pela mediocridade no sentido literal — a ideia é fazer com que todos os times estejam no meio.
O resultado é que se torna simplesmente impossível prever o que vai acontecer na próxima temporada. Sempre há favoritos, mas as apostas vão por água abaixo assim que o campeonato começa. Ano passado, por exemplo, oito dos 12 times classificados aos playoffs não haviam se classificado para a pós-temporada anterior: Philadelphia Eagles (campeão), Minnesota Vikings, Los Angeles Rams, New Orleans Saints, Carolina Panthers, Jacksonville Jaguars, Tennessee Titans e Buffalo Bills.
Não importa quão ruim o seu time seja hoje. Amanhã, ele pode estar no topo. Isso gera engajamento de público, interesse da mídia em todos os times, estádios lotados e emoção desde o início da competição. Não há um Barcelona ou um Real Madrid. Mas todos podem ter o mesmo destaque.