A partida entre Bagé e Aimoré, pela 10ª rodada da primeira fase da Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho, segue tendo repercussão. Não pela vitória dos donos da casa, por 1 a 0, mas sim, pela confusão entre Ronaldinho Gramadense, jogador do Aimoré que defendeu o São Luiz de Ijuí no Gauchão, e o técnico do time da fronteira, Carlos Moraes.
O episódio ocorreu na metade do segundo tempo, em uma bola saída pela lateral. Segundo o treinador do Bagé, ele estava devolvendo a bola, quando se iniciou a confusão e, na sequência, sofreu a agressão.
— A bola saiu na lateral e eu me virei para pegar, nós estávamos ganhando por 1 a 0, e eu ia entregar a bola para o lateral deles. Foi quando esse rapaz veio em minha direção e me desferiu um soco no rosto. Uma situação bem constrangedora, nunca tinha vivido isso, em 20 anos de trabalho com futebol. Sempre tive uma ótima relação com os jogadores. Mas enfim, sempre tem a primeira vez — lamentou o comandante do Bagé.
Sobre as atitudes que serão tomadas de agora em diante, o treinador não quis se envolver. Para ele, o episódio já se encerrou e aguarda uma postura da Federação Gaúcha de Futebol e da diretoria do Aimoré.
— De minha parte, tudo tranquilo. Só espero que o clube (Aimoré) e a Federação Gaúcha de Futebol tomem as providências. As providências que têm que ser tomadas referente à atitude de um jogador profissional e essa é uma coisa que não vai tomar conta do nosso dia, temos outras coisas para levar em consideração. Como, por exemplo, a nossa campanha que está sendo histórica e o nosso próximo adversário que é o Pelotas — finalizou.
Em resposta, a diretoria do Aimoré criticou muito o clima criado pelo Bagé na partida da noite desta quarta-feira. O vice-presidente do clube, Ronaldo Vieira, falou que as instalações do Estádio Pedra Moura, tantos nos vestiários — que segundo o diretor tinha até fezes de animais — quanto dentro do campo. De acordo com o Ronaldo, não havia um cumprimento de regulamento da competição, já que é obrigatório haver somente gandulas mulheres e, na partida desta quarta-feira (19) só tinha uma. O restante eram todos homens.
— Foi criado um clima de final de campeonato de várzea. As bolas saiam e não voltavam. Muitas eram arremessadas em campo quando o jogo já estava rolando. O treinador e o preparador físico do time deles estavam a todo momento entrando e saindo do gramado. O árbitro demorou a expulsá-lo. Foi um clima de guerra o tempo todo. Outra coisa, o técnico não tem nada que pegar a bola, ele não é gandula. É treinador. Quem saiu no prejuízo com a confusão? O Aimoré. Que perdeu um jogador de linha e não conseguiu reverter a desvantagem. Pensei que esse tipo de expediente tinha acabado no futebol gaúcho. Pensei que era página virada. Mas, pelo jeito, em Bagé continua valendo. Nós continuaremos trabalhando para subir no campo. Não precisamos disso — destacou o dirigente.
O vice-presidente ainda salientou que os problemas que existem entre os dois profissionais não foi gerado durante a partida. E sim, de uma passagem anterior, quando Carlos Moraes comandava o Glória de Vacaria e tinha Ronaldinho como atleta. Porém, afirma que as atitudes devidas serão tomadas.
— Vamos tratar do assunto internamente. A orientação geral é para evitar este tipo de provocação. Apesar de não haver motivos para punir o jogador, já que o tumulto foi gerado por uma atitude incompatível do técnico do Bagé. Segurar bola de jogo não é função dele — finalizou.
Segundo o presidente Francisco Novelletto, a Federação Gaúcha de Futebol não pode fazer nada em relação ao episódio. Apenas aguardar um posicionamento do Tribunal de Justiça Desportiva gaúcho (TJDRS).
Com a vitória, o Bagé ficou na terceira colocação do Grupo A, com 18 pontos, atrás do Aimoré, que também tem 18, mas fica à frente pelos critérios de desempate. O líder do grupo é o Pelotas, que tem 19 pontos e enfrentará o Bagé no domingo, às 16h, na Boca do Lobo.