Clarence Seedorf, 41 anos, aceitou o convite do Atlético-PR para um cargo inédito no Brasil: o de manager. O ex-jogador será o técnico do time paranaense, mas também terá a responsabilidade pela gestão técnica do futebol no clube.
Após visita ao CT do Caju na última quinta-feira, quando passou nove horas conhecendo e discutindo futebol com dirigentes atleticanos, o holandês voltou ao local no dia seguinte pela manhã para mais conversas sobre o projeto. O sinal já havia sido positivo e a preocupação financeira não foi impeditivo, sem a necessidade de buscar um patrocínio para bancar os vencimentos — o salário será dentro da realidade do Rubro-Negro.
A partir daí, Furacão e Seedorf passaram a discutir os termos mais detalhados do contrato, que ainda seguem sendo elaborados até a assinatura do acordo, que terá vínculo de um ano. A questão é só burocrática. Nesse período, o ex-atleta deu o aval para o desafio e o anúncio acontecerá nos próximos dias — a cúpula estuda o melhor dia para criar um grande impacto na divulgação. Oficialmente, entretanto, os dois lados mantém a cautela e não confirmam o acerto.
Com a vinda ao time de Curitiba, Seedorf ficará marcado por ser o primeiro profissional a ser considerado manager no Brasil - vale lembrar que Paulo Autuori não aceitou e se transferiu para o Fluminense. O Atlético-PR o convenceu de que o clube gosta de quebrar paradigmas no país e essa função nunca foi vista por aqui. O CT, a Arena da Baixada, o teto retrátil, a grama sintética, a criação do Sub-23, a transmissão do clássico Atletiba pelo Facebook, entre outros, foram usados como exemplos pelos dirigentes.
Agora, esse conceito europeu é uma ideia de Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo, que aposta na experiência dentro e fora de campo. O mandatário atleticano quer que o holandês gerencie todo o futebol, desde as categorias de base até o profissional, na parte técnica. No campo, ele será o treinador da equipe principal, mas os auxiliares darão o suporte e devem comandar o dia a dia no gramado, dentro de uma filosofia imposta.
— Existe uma cultura no Brasil em que o técnico é o dono do clube. Ele não aceita nada, nenhuma interferência. Nós buscamos o Paulo (Autuori) para que ele fosse um Alex Ferguson do futebol brasileiro. Ele comandaria o futebol de A a Z. Ele iria para o banco de reservas e os auxiliares dariam treinamento da forma que foi definida. Mas o Autuori não se encaixou. Não queremos mais diretor de futebol. Estamos buscando um treinador que tenha condições de exercer o poder e os trabalhos dentro dessa filosofia que queremos — afirmou Petraglia, em entrevista recente à Rádio Transamérica.
Para complementar o cargo do holandês, o Furacão avançou nas tratativas e também deve confirmar Marcelo Sant'Ana, ex-presidente do Bahia, como um coordenador geral do clube. Ele seria o CEO rubro-negro, com uma atuação mais administrativa dentro do futebol, alinhado a Seedorf. A promessa é de que ambos tenham autonomia, com pouca interferência, principalmente de Petraglia.