A juíza do escândalo de corrupção da Fifa avaliou, nesta terça-feira, que existem provas de que três ex-dirigentes do futebol sul-americano conspiraram para delinquir, em mais um capítulo do processo
Pamela Chen, juíza da corte federal do Brooklyn, descartou o pedido dos advogados de anular o processo por falta de provas concretas de que os ex-dirigentes do futebol brasileiro, peruano e paraguaio receberam milhões de dólares em subornos. Empresas esportivas pagavam propina em troca de contratos de transmissão e marketing de jogos e torneios regionais.
Os argumentos finais da acusação e da defesa começarão nesta quarta-feira. A previsão é que o júri inicie ainda esta semana as deliberações para decidir se os acusados são culpados ou inocentes.
"Após cinco semanas de julgamento, não vou proferir qualquer moção até que o júri tenha chegado a um veredito", disse Chen.
"Sei que o argumento da defesa é que não existe prova direta de qualquer transferência de dinheiro entre as companhias esportivas e os acusados. Ainda assim, noto que certamente existe evidência de conspiração, um acordo para receber o dinheiro".
Os três acusados foram os únicos que se declaram inocentes, no gigantesco caso que tramita nos Estados Unidos e envolve 42 pessoas. Durante anos, os acusados reinaram no futebol sul-americano.
Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol e ex-chefe do futebol paraguaio, também é acusado de lavagem de dinheiro e fraude bancária, assim como o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.
Manuel Burga, ex-presidente do futebol peruano, é acusado apenas de conspiração. A procuradoria garante que ele não cobrava subornos, porque era investigado pelas autoridades peruanas por lavagem de dinheiro. Mas o ex-presidente do futebol venezuelano Rafael Esquivel guardava o dinheiro para ele.
Ao interrogar um agente da receita dos Estados Unidos, a advogada de Napout, Silvia Piñera, mostrou um vídeo ao júri com os acusados dançando juntos durante o casamento da filha mais velha de seu cliente. As imagens fazem parte das provas do governo e o ponto que a defesa queria provar não ficou claro.
Em decisão de 28 páginas, a juíza negou ainda o pedido da defesa de mostrar ao juri provas sobre as leis de países estrangeiros, avaliando que isso criaria confusão.
Os advogados de Napout queriam contar ao júri que aceitar "subornos comerciais" não é crime no Brasil e na Argentina. Na opinião deles, isso prova que seu cliente não cometeu delito de conspiração para delinquir.
* AFP