Marcello Deverlan era titular e usou até faixa de capitão em algumas partidas do Corinthians sub-17 nesta temporada. O ano de afirmação da promessa de 17 anos, porém, foi interrompido em 26 de agosto. Durante uma partida contra o Desportivo Brasil pelo Campeonato Paulista da categoria, o camisa 3 precisou ser substituído antes dos dez minutos do primeiro tempo e ouviu um triste diagnóstico: ele havia rompido o ligamento cruzado posterior do joelho esquerdo, lesão rara que demanda entre seis e nove meses de tratamento.
A contusão é tão séria que o departamento médico da base do Corinthians jamais havia tratado problemas no ligamento posterior, somente o anterior, que é uma lesão relativamente comum no esporte de alto rendimento. Para Deverllan o desafio seria maior. E tem sido cumprido à risca nos últimos dois meses.
– Não é fácil para nenhum jogador ficar parado. Eu estava jogando como titlar, estava bem, e acabei recebendo esse balde de água fria. Foi bem difícil receber a notícia, mas acho que minha família me apoiou bastante e o clube vem assessorando bem, isso tranquiliza. Nos últimos dias tenho ouvido boas notícias, de que estou conseguindo uma recuperação boa, o joelho não fica inchado. Estamos pulando etapas, mas não tem jeito, tem que encarar – reflete o jovem corintiano.
Após a cirurgia, Marcello Deverlan permaneceu duas semanas com a perna imobilizada, sem colocar o pé no chão. Depois disso fez fisioterapia por seis semanas e logo depois iniciou uma rotina mais intensa, com fortalecimento muscular e outros exercícios. Ele trabalha cerca de quatro horas diárias no Parque São Jorge realizando tratamento e espera voltar ao futebol ainda no primeiro semestre do ano que vem.
A temporada esportiva está perdida para a lesão, mas nem tudo é má notícia…
– Querendo ou não, você não tem mais jogos, treinos, concentrações, então fica com um pouco mais de tempo livre. Como penso em fazer faculdade de administração me inscrevi nos vestibulares e estou estudando. Não semana que vem, na outra já tem prova. Vamos encarar, sempre fui bem nos estudos, nunca tive dificuldade para conciliar, então vou tentar. A lesão tem seus lados negativos, mas uso o tempo a meu favor – diz o dedicado zagueiro do Corinthians.
O futuro administrador defende o Corinthians desde abril de 2015, quando aceitou uma oferta para deixar o São Paulo, clube que havia defendido por quatro temporadas, entre 2011 e 2014. Antes de Cotia, Marcello Deverlan havia iniciado a trajetória no esporte com a camisa do Diadema e antes disso no futebol de salão do Círculo Militar, em São Paulo, sua cidade natal.
Curiosamente, o corintiano tem um parentesco distante com Rodrigo Caio, que é jogador do São Paulo (a mãe do jogador da Seleção é prima da mãe de Marcello) e também já teve lesões sérias no joelho. Os primos-zagueiros têm pouco contato, mas o mais velho é motivo e inspiração para o mais novo.
– Antigamento conversávamos mais, vi vários jogos dele, mas hoje em dia ele tem outros compromissos e ficou mais difícil. Mas sei que ele também rompeu o ligamento do joelho duas vezes, inclusive no sub-17. É uma motivação, porque o povo fala que se machuca o joelho não volta a mesma coisa, mas olha ele, está na Seleção e tudo mais. Dedicação de minha parte não vai faltar. Quero ser como ele, me inspiro em Thiago Silva, Sérgio Ramos, aqui no Brasil no Geromel, no Balbuena. Estou fazendo meu papel na base e me preparando para o futuro – diz Marcello Deverlan, que hoje dá foco ao tratamento para voltar bem ao Corinthians.
– Coloquei na cabeça que quando me recuperar dessa lesão vou dar valor duas, três vezes mais que dava. Quando você perde é que dá o valor necessário. Então quando eu tiver uma oportunidade novamente, estiver de volta, nada vai me parar. Agora é um dia após o outro.