
O ano de 2018 reserva duas prioridades para a CBF: buscar o hexa na Rússia e garantir a reeleição de Marco Polo Del Nero. A primeira parte, dentro de campo, não terá a presença do presidente, que não viaja pelo temor de ser preso, exatamente o que ocorreu com o seu vice, José Maria Marin. Para levar o título, a seleção vai ter de derrotar adversários fortes, como a Alemanha.
Mas para a tranquilidade de Marco Polo, a parte política, a da eleição, ele já ganhou. Por incrível que pareça, a situação está definida. Mesmo com todos os escândalos, como a prisão de Marin, o atual presidente não só vencerá a eleição, como muito provavelmente não terá adversário. Isso mesmo, hoje no Brasil ninguém ousa enfrentá-lo.
Toda a parte estratégica está muito bem amarrada, como revelaram, em 2015 e 2016, as séries Coronéis do Futebol parte 1 e Coronéis do Futebol parte 2, veiculadas na Rádio Gaúcha e Zero Hora. Hoje, para se registrar uma candidatura, qualquer dirigente precisa da assinatura de oito federações e de cinco clubes. Os presidentes de federações, que recebem salário da CBF, além de polpudos repasses sem a devida prestação de conta, estão fechadíssimos com a atual gestão. Ou seja, ninguém tem chance.
Na última eleição, o atual mandatário fez 44 dos 47 votos. Para a próxima, uma tentativa de diminuição de poder das federações, com a inclusão dos clubes da Série B no colégio eleitoral, foi facilmente derrubada. Em uma assembleia, ficou definido que os votos das federações tem peso três, enquanto os clubes da Série A têm peso dois, e os da Série B, peso um. Somando tudo, as federações somam 81 votos, e os clubes 60 votos.
O mandato de Del Nero vai até abril de 2019. Mas aí entra outra jogada política. Pelo estatuto, a eleição pode ser realizada até um ano antes do final da gestão. Foi exatamente o que a dobradinha Del Nero Marin fez no último pleito. O mandato de Marin terminava em abril de 2015, mas, com o temor de um fracasso dentro de campo na Copa, a eleição foi marcada para abril de 2014. Del Nero venceu, tendo Marin como vice, e assumiu somente um ano depois. O mesmo deve ocorrer agora.
Em vez de esperar terminar o mandato, em abril de 2019, o presidente provavelmente vai convocar a votação para o primeiro semestre de 2018, para não ter de depender do resultado da Rússia. Se por acaso, até lá mudar de ideia e não quiser concorrer, ainda pode se dar ao luxo de indicar quem ele desejar. Hoje, quem dá as cartas no futebol brasileiro é Marco Polo Del Nero. E falta muito pouco para mais uma vitória.