O aproveitamento de 100% nas Eliminatórias ficou em Barranquilla. Depois de nove vitórias consecutivas e 27 pontos que fariam de Tite, sozinho, o vice-líder na corrida por vaga na Copa 2018, a Seleção Brasileira ficou no 1 a 1 com a Colômbia em Barranquilla e deixou os primeiros pontos pelo caminho sob seu comando. Sabe qual foi a reação do técnico na entrevista coletiva? Não, não foi de frustração, mas de alegria pelo rendimento e pela entrega dos jogadores.
Tite valorizou o alto poder de concentração da Seleção mesmo que o jogo pouco valesse. Diante do vice-líder das Eliminatórias, uma seleção qualificada e ainda em busca de sua vaga na Rússia, e em um ambiente adverso, temperado por calor de mais de 40ºC, o Brasil jogou como se ainda estivesse em busca de vaga.
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- Quero comemorar a maturidade da equipe. Jogou numa atmosfera como essa, mesmo classificada e vindo de vitória, poderia, de forma inconsciente, relaxar. Era contra a segunda colocada e poderia entrar desconcentrada, ter nível de atuação abaixo. Não foi isso que vimos. Só pecamos na precisão nas finalizações, deixamos de fazer o Ospina trabalhar - disse.
Tite estava tão satisfeito com a postura da Seleção em Barranquilla que considerou a atuação no empate melhor até que a que vimos de perto aqui em Porto Alegre. Para ele, na Arena do Grêmio, o primeiro tempo foi abaixo da média de atuações. A produção no segundo tempo compensou e serviu para encher os olhos do torcedor. Não o do técnico.
- Fiquei contente com o desempenho da equipe neste jogo do que contra o Equador, quando controlamos e jogamos no segundo tempo. No primeiro, fomos abaixo. Aqui em Barranquilla tivemos padrão de atuação que dá consistência à equipe - avaliou.
Tite foi além. Disse que, caso houvesse um vencedor no bafo de Barranquilla, por justiça, deveria ser o seu time. Considerou o empate justo, mas listou as chances criadas pela Seleção Brasileira para justificar sua tese. Um repórter colombiano o questionou, e ele não o deixou sem resposta. Em português pausado, com todas as sílabas, foi quase didático:
- Em jogos desse nível, não se pode ter número grande de finalizações e não marcar. Tem de ser efetivo. Transformar em gol as finalizações é fundamental. Vou lembrar aqui: a Colômbia, na primeira chance que teve fez o gol. Você se lembra de outra oportunidade criada no primeiro tempo?
Questionado sobre as atuações de Fernandinho e Firmino, os dois testados como titulares na Colômbia, sobraram elogios ao volante e um cuidado em não chamuscar o atacante. Tite defendeu Firmino. Salientou que um atacante sofre mais com o desentrosamento. Valorizou sua participação com recuos que permitem o avanço dos extremas e observou que ele representa uma alternativa à forma de atuar de Gabriel Jesus. Sobre Fernandinho, colocou-o em um mesmo patamar de Casemiro e chegou a brincar: "jogo para cima e, o que eu pegar, estou bem servido."
Os testes devem seguir contra a Bolívia e Chile, no começo de outubro. Aliás, o fato de nenhum dos pendurados forçar o cartão amarelo para escapar da altitude foi outro ponto valorizado por Tite. A nove meses da Copa, ninguém quer arriscar. Nem que isso signifique ter de correr no ar rarefeito.