O lateral Alan Ruschel, da Chapecoense , marcou nesta sexta-feira seu primeiro gol após ter sobrevivido ao acidente aéreo ocorrido na Colômbia, em novembro do ano passado. Apesar da derrota por 4 a 1 para a Roma, no estádio Olímpico de Roma, o gol simboliza a vitória da vida e também homenageia as 71 vítimas da tragédia. Mostra ainda que o clube pode se reerguer, mesmo sofrendo tecnicamente diante de gigantes do futebol mundial.
O gol de Alan Ruschel também é um estímulo para seus companheiros e para todas as pessoas. Representa a possibilidade de superar situações adversas e voltar a fazer o que se mais gosta, em alto nível. O gol, em cobrança de pênalti, não foi um ato de piedade. O goleiro da Roma, Logont, não facilitou nada, como se espera de um jogador profissional. Quase fez a defesa, o que valoriza ainda mais a cobrança do brasileiro.
– Eu mostrei para todo mundo, principalmente nos treinamentos, que estou apto a competir de novo, que eu posso voltar a jogar. E mostrei isso hoje também. Deus vem me abençoando para que isso possa acontecer. Sou grato por me permitir que eu possa fazer o meu melhor sempre – concluiu.
Alan Ruschel pode se considerar alguém especial. Nesta semana, ele viveu um dos momentos mais emocionantes de sua vida, ao receber a bênção do Papa Francisco, no Vaticano, ao lado de outro sobrevivente, o ex-goleiro e embaixador da Chapecoense, Jakson Follmann.
Alan Ruschel foi o capitão do time na partida e entregou uma camisa 10 da Chapecoense para o ídolo do Roma, Francesco Totti, campeão mundial em 2006.
Domínio italiano nos 90 minutos
Alan viu seu time começar o jogo de forma equilibrada no início da partida. Seu companheiro Júlio César obrigou o goleiro Lobont a fazer boa defesa. Mas, num lance de ataque do Roma, a bola bateu na mão de Grolli. Pênalti que Florenzi converteu.
Em seguida, Ruschel quase marcou, aproveitando cobrança de falta de Perotti, mas Lobont defendeu. A Chapecoense sentiu o desentrosamento por ter apenas três titulares. E levou mais dois gols, de Perotti, que recebeu o lançamento e driblou Artur Moraes, e de Antonucci, novamente de pênalti.
Antonucci ampliou no início do segundo tempo. Mas um pênalti em Dodô acabou gerando o lance que oportunizou o gol de honra da Chape, e o da recuperação de Alan Ruschel.
Ele foi abraçado pelos companheiros, ergueu as mãos para o céu e beijou a aliança. Aguentou ainda até os 32 minutos do segundo tempo, quando foi substituído por Bryan e saiu aplaudido.
– Estou podendo realizar um sonho de voltar a jogar, deu um friozinho gostoso na barriga na hora de bater o pênalti, é sempre um momento tenso na hora de converter, mas estou feliz que a bola entrou – disse após a partida.
Ele agradeceu a Deus e disse que o gesto de erguer os braços na comemoração também foi uma homenagem aos companheiros que perdeu no acidente.
A Chapecoense perdeu mais um confronto internacional. Mas a vitória de Alan Ruschel representa muito mais que isso.
FICHA TÉCNICA
ROMA-4: Lobont (Andrea Romagnoli), Juan Jesus (Ricardi), Florenzi (Valeau), Ciavattini (Ciofi) e Leandro Castán (Cargnelutti); Nianggolan (Pezzela), Gonalons e Gerson; Perotti (Capa), Defrel (Sidy Coli depois Rezan Corlu) e Antonucci (Schick). Técnico: Eusebio Di Francesco.
CHAPECOENSE-1: Artur Moraes (Tiepo), Diego Renan, Grolli, Fabrício Bruno (Hiago) e Roberto; Lucas Mineiro (Khevin), Lucas Marques, Júlio César (Lourency), Dodô (Moisés Ribeiro) e Alan Ruschel (Bryan); Perotti (Rodrigo). Técnico: Vinícius Eutrópio.
Gols: Florenzi (R), aos 28 minutos, Perotti (R), aos 37, Antonucci (R), aos 41 minutos do primeiro tempo e aos 5 do segunto tempo, Alan Ruschel (C), aos 10 minutos do segundo tempo.
Local: Estário Olímpico, em Roma-ITA
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