Acredito que, para um amante de esportes, não há nada mais excepcional do que ver os maiores (e absolutos) atuando. É um prazer vivenciar eras. E ter a plena noção de que isso é um privilégio para poucos torna esses momentos memoráveis.
Foi com esse exato sentimento que vivi a primeira partida de Roger Federer e Rafael Nadal juntos. Sim, do mesmo lado da quadra! Parceiros e gêmeos – jogando com o mesmo uniforme, não foi uma tarefa fácil distingui-los. Desde 2004, quando se enfrentaram pela primeira vez, esse confronto é aguardado. A maior rivalidade que você respeita é também a maior amizade que você respeita.
No confronto exibição da Laver Cup, neste sábado, contra os americanos Querrey e Sock, ambos deixavam claro (o tempo inteiro) o quanto aquele momento era muito mais especial pra eles do que para os próprios fãs. “Foi um sentimento inacreditável”, afirmou Nadal com um largo sorriso após a vitória. “Foi muito especial, estou muito feliz”, complementou Federer.
Vivo e acompanho o tênis desde que me conheço por gente. Queria, mas não presenciei Laver, Connors, Ashe, McEnroe, Borg etc. Tudo que sei é através de árdua pesquisa e estudo. Cheguei a pegar Sampras, Agassi, Roddick, Guga e cia, mas não de maneira efetiva como gostaria. Já Federer e Nadal são eras que posso estufar o peito e, com orgulho, dizer: “Eu lembro de tudo”. Agora, vocês têm ideia de como é surreal ter a consciência de que possuo o prazer de viver o que nunca antes foi visto no tênis? Me sinto honrada.
Me atrevo, até mesmo, a afirmar: Federer e Nadal são os maiores. Nunca houve antes na história deste esporte dois tenistas com tamanha técnica, físico, carisma e, principalmente, resultados.
Nada do que escrevo é achismo. As carreiras de ambos embasam minha opinião. O suíço, aos 36 anos, e o espanhol, aos 31 anos, são donos de dois Grand Slams neste ano. Dois cada um. Números 1 e 2 do mundo. Atletas que críticos já projetavam suas aposentadorias.
Ao todo, somam 35 Majors. Dois exemplos de esportistas que tinham tudo para não se aturarem. Mas, ao contrário, cada um sabe e respeita a importância do outro para o tênis. Algo raro em um esporte tão individual e competitivo.
São por esses e mais outra dúzia de motivos que não tenho qualquer receio de que, ao shipar esse “bromance”, digo com todas as letras que Fedal vai além da admiração. É uma religião.