Usain Bolt, o melhor atleta de todos os tempos, superou o primeiro obstáculo rumo a uma despedida gloriosa. O jamaicano classificou-se nesta sexta-feira (4) para as semifinais dos 100 metros rasos do Mundial de Atletismo de Londres, previstas para este sábado, assim como a final.
Bolt venceu a sexta e última série da primeira rodada, sem grandes dificuldades, com um tempo de 10.07. O atleta caribenho não precisa vencer a final dos 100 metros no sábado para se tornar um mito. Ele já é. Mas um final feliz transformaria sua carreira premiada em um conto de fadas.
O astro jamaicano de quase 31 anos superou a primeira rodada com a intenção de deixar o atletismo invicto em um grande evento na principal prova da velocidade.
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Também se classificaram sem problemas os adversários que ameaçam azedar sua festa. O jovem americano Christian Coleman (21 anos), detentor da melhor marca da temporada (9.82), venceu a primeira das seis séries, com um tempo de 10.01.
O jamaicano Yohan Blake, de 27 anos, vencedor dos 100 metros no Mundial de Daegu-2011, quando Bolt foi desclassificado por queimar a largada, não forçou e foi o segundo em sua série (10.13).
Outro classificado foi o americano Justin Gatlin, veterano velocista de 35 anos, com um passado maculado pelo doping, que lhe rendeu uma suspensão de quatro anos.
Gatlin, campeão olímpico da distância em 2004 e mundial em 2005, foi vaiado pelo público londrino antes de sua série, o que não impediu a classificação, dominando a quinta série com facilidade (10.05) em meio a assobios dos fãs.
O sul-africano Akani Simbine, o terceiro homem mais rápido da temporada, com 9,92, atrás de Coleman e Blake (9.90), foi o que mais apuros passou, terminando em quarto em sua série (10.15), chegando às semifinais na repescagem por tempos.
Desde os Jogos de Pequim, quando faturou o ouro dos 100 metros, ninguém havia vencido Bolt na pista em um grande evento e o jamaicano não quer que isto aconteça em sua despedida.
Um final de conto de fadas
Após aquele batismo dourado na China, ele foi vencendo as provas de 100 metros nos Jogos de Londres, em 2012, e do Rio, em 2016, além dos Mundiais de Berlim (2009), Moscou (2013) e Pequim (2015).
Só ficou sem o ouro no Mundial de Daegu, em 2011, justamente quando foi punido por queimar a largada.
Mas ninguém o superou nas pistas. Ele soma onze títulos mundiais, contando os das provas dos 100, 200 e 4 x 100 metros em Berlim (2009), Moscou (2013) e Pequim (2015), além das duas provas em Daegu, onde seu desempenho ficou incompleto por causa da largada queimada na final dos 100 metros.
A estes onze ouros em Mundiais, somam-se os oito em Jogos Olímpicos, com os títulos nas pistas em Pequim (2008), Londres (2012) e Rio (2016).
Ele perdeu o ouro no revezamento 4 x 100 de Pequim, em 2008, por causa do doping de seu colega, Nesta Carter.
No total, Bolt tem 19 ouros entre as duas grandes provas em Jogos Olímpicos e Mundiais, e no sábado buscará o 20º nos 100 metros rasos no Mundial de Londres, em 2017.
Bolt encerrará sua carreira como atleta no evento londrino com o revezamento 4 x 100, onde pode tentar o 21º ouro, ao decidir não disputar os 200 metros para não forçar seu corpo cansado, preferindo disputar a modalidade principal dos 100 metros.
Caso some estas duas novas medalhas em Londres, em 2017, ele baterá o recorde de títulos em Mundiais, que hoje pertence à sua compatriota Merlene Ottey, com catorze.
Bolt detém quinze pódios em Mundiais, pois aos onze ouros já mencionados, somam-se duas pratas em Osaka (2007) nas provas dos 200 e 4 x 100.
Neste sábado, ele disputará sua prova de fogo, respondendo com uma vitória em um grande evento, como acostumou seu público desde 2009.
Bolt já é um mito. De suas últimas passadas depende que seu conto de fadas termine com um final feliz.
*AFP