A vida de Rafael Henzel mudou na noite de 28 de novembro de 2016. O acidente da Chapecoense, que vitimou 71 pessoas na Colômbia, tornou o jornalista um sobrevivente e deu um novo início à vida do gaúcho de São Leopoldo. Sete meses depois da tragédia, o narrador da Rádio Oeste Capital FM, de Chapecó, lança o livro "Viva como se estivesse de partida", um relato de detalhes do acidente e como Henzel teve força para se recuperar – física e mentalmente.
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De onde surgiu a ideia do livro?
Logo depois que comecei a circular pelo Brasil, falar com jornalistas, entendia a demanda dos colegas. Muitas coisas que foram faladas não eram verdade, as fontes estavam erradas. Falaram que eu tinha quebrado a perna, que eu tinha falado com a minha esposa, que o Danilo tinha falado com a esposa dele. Quando vim a público falar do meu envolvimento com o acidente, as pessoas começaram a trocar experiências. Recebi mensagens de pessoas que batalham contra o câncer, dependentes de álcool. Tudo foi me dando confiança, uma mensagem de reconstrução, de uma nova vida. Depois, veio o convite da Editora Globo. No começo, fiquei arredio. Tive convites para palestrar, mas não me achava preparado, até pelas pessoas que achavam que eu poderia estar me aproveitando do acidente. Depois, o Tino Marcos (repórter da TV Globo) disse que tinha gente que escrevia livros de auto-ajuda sem ter nenhum conteúdo, e eu tinha. Em janeiro, comecei a falar cronologicamente tudo isso, tudo que vinha de mim, colocando conceitos da minha recuperação.
Qual mensagem tu queres passar?
A mensagem é acreditar. Considero que tudo o que aconteceu foi um milagre, mas eu não esperei um segundo milagre. Nunca pensei que ia morrer, mesmo acordando no meio do mato. Nunca pensei que iria morrer, não fiquei esperando. Fiz os exercícios que tinha que fazer, planejei voltar ao trabalho 40 dias depois do acidente e voltei. Enfrentei todos os medos, voltei a voar, fui ao estádio em que seria o jogo. Eu não fiquei esperando, não fiquei encostado no INSS. Busquei melhorar através do meu trabalho. A mensagem é acreditar na força que a gente tem. Às vezes, a gente está na zona de conforto e a força não aparece. Quero passar a mensagem de respeito às pessoas. Quando você está no hospital, é um pedaço de carne com um aparelho ligado. Todos têm a mesma importância. E há um conjunto de fatores positivos que te ajudam na recuperação.
Como está a tua recuperação?
Estou muito bem, eu brinco que voltei a jogar futebol agora. Fiquei 15 dias no hospital na Colômbia e mais uma semana no hospital em Chapecó. No 22° dia depois do acidente, já estava em casa. Usei uma tala, porque tinha destroncado dois dedos do pé direito. Recuperei as costelas. Quebrei sete costelas e tive pneumonia. Mas 40 dias depois do acidente eu já me sentia muito forte. Respeitei o tratamento. Psicólogo, eu só tive cinco dias depois do acidente. Nem todo o dia ele ia ao quarto, e ainda era em espanhol. Não tive mais psicólogo depois disso. Não tenho pesadelos, não sonho com isso. Claro, me emociono com certas imagens, mas eu consegui ir enfrentando o que poderia me prejudicar. Estou muito forte.
SERVIÇO - Lançamento do livro em Porto Alegre
Onde: Livraria Saraiva do Shopping Praia de Belas
Quando: dia 11/7, às 19h