Ao chegarem na casa da família Souza, no Bairro Aberta dos Morros, zona sul de Porto Alegre, os visitantes são recebidos pelos cães Maroca e Chimbinha. Eles são as mascotes da moradia que o ex-meia gremista escolheu para viver a partir da aposentadoria dos gramados, prevista para o próximo ano. O jogador e a mulher, a gaúcha Keissi, residiram por um período no Rio de Janeiro, mas desde o nascimento do filho do casal – Joaquim –, no final de 2014, definiram a Capital como lar.
– Tínhamos como opção deixar a nossa base mais perto da família dela ou da minha, mas daí a mulher sempre ganha (risos). Mas eu já queria também. Pensei em criar o meu filho com uma cultura parecida com a que penso, em um povo que valoriza a sua tradição, a sua cidade. E vejo o gaúcho parecido com o nordestino em relação a isso – destaca o meia de 38 anos, nascido em Maceió (AL).
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A partir da escolha da cidade, Souza comprou uma casa e a reformou ao gosto do casal. Com piscina e vista para o Guaíba, ela é o local predileto do jogador na Capital. Ele curte brincar com o pequeno Joaquim e se distrair no videogame – é fã do jogo Call of Duty. Sem atuar desde maio, quando foi campeão do Distrito Federal com o Brasiliense, o ex-gremista mantém a forma praticando beach tênis e futevôlei em uma quadra no bairro Glória. Futebol, ele só joga com amigos da AABB.
A relação do atleta com o Estado começou em 2008. Depois de longo namoro com o Grêmio, as duas partes se acertaram. O meia estava havia apenas seis meses no Paris Saint-Germain. Apesar do pouco tempo na Europa, topou trocar a França pelo Rio Grande do Sul:
– Fui conversando com quem tinha jogado no Grêmio. Falavam muito bem de Porto Alegre e do clube. Quando cheguei, vi que a cidade era boa, limpa, e na época não tinha tanta violência. Foi a escolha mais acertada da minha vida, como ser humano e também como profissional. Tinha uma identificação muito grande com o São Paulo, foi onde mais venci, mas no Grêmio me senti protagonista – conta Souza.
Em 2009, foram quase 30 gols pelo clube, um deles especial, na vitória por 2 a 1 no Gre-Nal dos 100 anos. No ano seguinte, conheceu a atual mulher, e o relacionamento virou uma mistura de expressões gaúchas e nordestinas. Aliás, Souza se diverte com as gírias gaúchas.
– Esses dias, no futebol, o cara me chamou de bruxo. Eu disse: "O quê? Não trabalho com magia, não (risos)".
Mesmo adaptado ao Rio Grande do Sul, o atleta ainda sofre com o frio, principalmente devido às doenças associadas ao inveno, como rinite e sinusite... Não aderiu ao chimarrão, pois acha muito amargo, mas aprendeu a fazer churrasco e virou fã de bergamota.
– Sou capaz de comer uma sacola – sorri.
Após longo tempo sem atuar devido à grave lesão no joelho, neste ano, recebeu proposta do Brasiliense. Voltou aos gramados e levantou taça. A passagem pelo clube foi tão boa que foi convidado a voltar em 2018. Assim, adiará em um ano a aposentadoria. Em novembro, apresenta-se novamente ao time do Distrito Federal para dar início a sua última temporada como jogador.
Mesmo antes de encerrar a carreira nos gramados, Souza já pensa em que o fazer depois de pendurar as chuteiras. Se depender dele, o futebol continuará na rotina. Quer trabalhar com categorias de base, contribuir para o desenvolvimento dos jovens. Seja qual for a atividade, o meia só tem uma certeza. Seu endereço será na capital gaúcha.
– Só saio daqui se minha mulher me botar para fora de casa (risos). Me apaixonei por Porto Alegre. O amanhã a Deus pertence, mas é aqui que pretendo viver o resto da minha vida.
*ZHESPORTES