Não faz muito tempo que este novo modelo de construção de equipe de trabalhos nos departamentos de futebol dos clubes brasileiros surgiu como uma tentativa de inovação na gestão de futebol. Até então, não tínhamos dentro dos clubes estas estruturas de pessoal mantidas por um longo prazo. Todos os clubes de futebol, quando precisavam fazer a substituição dos profissionais da equipe principal, conduziam temporariamente os profissionais da equipe de categorias base para assumir interinamente a condução dos trabalhos.
Será que estamos criando uma solução ou novo problema? Com certeza, é muito bom para qualquer clube de futebol a manutenção do histórico, dos registros dos trabalhos realizados e das experiências vividas dentro do departamento de futebol. Mas, ao mesmo tempo, este longo tempo de trabalho com os mesmos profissionais, pode se transformar numa grande barreira à implantação de novos métodos e filosofias. Isso pode ocorrer principalmente se, no passado, com estas mesmas pessoas, bons resultados foram alcançados.
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Eis que surge organicamente uma espécie de barreira ou "boleiragem" para a inovação, pois o sonoro "fomos campeões fazendo do nosso jeito" é ouvido a todo momento pelos corredores do clube. Isto é um indício forte de que a famosa "trairagem" e a desconfiança estão em pleno processo de instalação nas relações entre os novos e os mais experientes profissionais do clube. Infelizmente, mais acelerada será a instalação deste ruinoso processo, se os resultados de campo não aparecerem logo no início de um novo trabalho conduzido pelos novos profissionais.
Uma sábia iniciativa para termos o histórico e não trazermos a reboque os aspectos negativos do longo prazo é a criação de mecanismos de registro do trabalho, como relatórios e armazenamento de dados. Mas principalmente a identificação dos perfis dos profissionais que estão sendo contratados e dos que estão há mais tempo no clube é necessária. Identificar os objetivos pessoais e profissionais de cada um destes colaboradores é urgente para um diagnóstico e para a avaliação de riscos da relação entre objetivos de cada um dos envolvidos.
Assim, conhecer e avaliar os objetivos de cada um dos profissionais que atuam nas comissões técnicas, sejam elas permanentes ou transitórias, é condição chave para obtenção de um grupo que consiga, em conjunto e com os objetivos da instituição priorizados, atingir bons e duradouros resultados.