Fábio Carille sempre foi um sujeito discreto. Dentro e fora do campo. Você nem imagina, mas em seu currículo como zagueiro e lateral-esquerdo há a disputa de um Gauchão, o de 2005, pela Ulbra. Era conhecido como Fábio Luiz. Dois anos depois, já aposentado, esteve no Olímpico para estágio com Mano Menezes. O acesso foi intermediado por Sidnei Lobo, auxiliar de Mano e com quem havia jogado no Paraná.
Foi Sidnei quem indicou Carille a Mano em 2009, para integrar a comissão técnica do Corinthians. Na época, ele era auxiliar no Barueri. A mudança moldou Carille e fez dele o técnico que hoje bate recordes com o Corinthians. Foram sete anos como um eficiente assistente e um silencioso aprendiz. O líder do Brasileirão se alicerça nas ideias absorvidas de Mano e, principalmente, de Tite. Com o técnico da Seleção, aliás, a relação é de confiança. Os dois trocam telefonemas, conversam sobre conceitos táticos e analisam jogadores. Carille era quem cuidava da defesa do Corinthians de Tite.
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– Confiava tanto nele que em alguns jogos passava a semana inteira sem nem conversar com os defensores. Sabia que o Fábio cuidava deles – confidenciou Tite a jornalistas há 15 dias, antes do evento O Jogo da Vida: Teoria e Prática, em que participou com o jornalista Silvio Benfica.
Não surpreende, portanto, a solidez defensiva deste Corinthians. O time saiu sem levar gol em 59% dos seus 47 jogos em 2017. Nunca levou mais de dois gols. Carille adotou o mesmo modelo de jogo de Tite, em um dos segredos do seu sucesso. Recebeu um grupo ainda com traços da gestão do técnico da Seleção. Sete dos atuais titulares estavam na campanha do Brasileirão 2015 e sabem de cor os movimentos em campo.
– O Carille teve a percepção de usar um sistema tático muito próximo daquele do Tite. Tirou proveito disso com competência e sabedoria. Outro ponto é a preparação física, trouxeram de volta o Walmir Cruz, que sabe agregar, é excelente profissional – aponta William, zagueiro campeão da Copa do Brasil em 2009 e analista do Sportv.
Outro segredo do sucesso corintiano está na aposta na base. Quarta-feira, contra o Patriotas, o time acabou o jogo com seis jogadores feitos em casa – um deles, Pedrinho, 19 anos, fez seu primeiro gol e é tratado como joia.
No atual grupo, 16 dos 35 atletas saíram da base. Que está fértil. O time sub-20 esteve em cinco das últimas seis finais da Copa SP – foi campeão em três. Carille conhece bem a base. Para facilitar a transição da gurizada, acolheu em sua comissão técnica Osmar Loss, desde 2013 um papa-títulos com os juniores do clube. Em maio, o ex-volante Fabinho saiu do sub-17 e se juntou a Carille
– A comissão técnica conhece todo o grupo. Esse é o segredo do sucesso. Temos ligação direta com o grupo principal, há integração total. Isso aumentará, em breve finalizaremos o CT da base, ao lado do CT dos profissionais – diz Márcio Bittencourt, ex-volante criado no clube, campeão brasileiro em 1990 e hoje observador técnico na base.
*ZHESPORTES