O presidente da Fifa, Gianni Infantino, esteve em Moscou em abril para vistoriar as obras de reforma do Estádio Luzhniki, uma espécie de Maracanã para os russos. Foi lá, por exemplo, que o ursinho Misha chorou e tocou o mundo no encerramento da Olimpíada, de 1980.
Infantino ficou impressionado com a opulência do estádio e com a reforma que o deixará moderno e confortável para 81 mil pessoas. Diante do Comitê Organizador Local e de emissários do presidente Vladimir Putin, ele transbordou otimismo em relação à primeira Copa de sua gestão:
– Pelo que tenho visto e, particularmente depois desta visita, estou ainda mais convencido de que será a melhor Copa já organizada.
Na quarta-feira, dia 14, estaremos a exato um ano da abertura do Mundial que promete transformar a Rússia. Por isso, fomos ver com nossos próprios olhos como está a preparação do país para receber um dos maiores e mais midiáticos eventos do planeta. Na noite deste domingo, a RBS desembarca em Moscou com Eduardo Gabardo. Até quinta-feira, contará em todos os veículos do grupo como o país se prepara para se abrir ao mundo já a partir do próximo fim de semana, com a Copa das Confederações, de aperitivo do Mundial.
Os elogios de Infantino eram tudo o que Putin e seu ministro do Esporte e homem de confiança, Vitaly Mutko, queriam ouvir. O governo russo investiu uma babilônia para organizar o Mundial. Os números oficiais apontam para
US$ 11 bilhões em estádios, linhas de metrô de alta velocidade e melhorias na rede hoteleira e em mobilidade. Um suplemento de US$ 325 milhões foi anunciado em março pelo governo.
A Copa de 2018 será jogada em 12 estádios, como no Brasil, mas em 11 cidades. Moscou terá duas arenas. Desses 12 estádios, oito serão novinhos em folha. Apenas um deles está pronto e foi o ponto da maior polêmica. A Arena São Petersburgo foi inaugurada em abril e estima-se que tenha consumido R$ 4,8 bilhões. A cifra gerou protestos na Rússia. Instalada numa ilha e em formato de nave espacial, a arena trouxe a reboque uma ponte que ligará a região ao centro da cidade.
Sede da Olimpíada de inverno, embora seja no litoral, Sochi teve investimentos de US$ 50 bilhões em 2014 e se potencializou como destino de férias. Sua arena foi adaptada para a Copa e está pronta. Assim como a arena de Kazan, erguida para a Universíade de Verão em 2013, e a Arena do Spartak Moscou, inaugurada em 2014. Esses três estádios e o de São Petersburgo sediarão a Copa das Confederações.
Os demais endereços correm contra o tempo. A previsão oficial é de que até a virada do ano todos estejam prontos. O Luzhniki tem até data de reabertura: 11 de novembro, em amistoso da seleção russa contra a Argentina, de Lionel Messi e Jorge Sampaoli.
O cenário russo, embora as obras viárias sejam menos problemáticas, lembra muito o Brasil em 2013. Dos nossos 12 estádios, apenas Fonte Nova, Castelão, Maracanã e Arena Pernambuco estavam entregues e inaugurados. Uma a mais, mas também muita dor de cabeça. A Arena da Amazônia e a Arena Pantanal tinham só 66% das obras concluídas. A da Baixada, 68%, a das Dunas, 71%. O Itaquerão estava em estágio avançado, com 79%. O Beira-Rio, a um ano da Copa, tinha apenas 71% da reforma concluída.
Os estádios, nós recebemos a tempo da Copa. O problema foram as obras de mobilidade. Algumas, como se vê em Porto Alegre, não foram entregues até hoje. Esse, no entanto, não parece ser o problema dos russos, cujas cidades carecem menos de obras viárias. Por isso, a regressiva de um ano para a Copa será dada sem tanta aflição e olhares para o relógio como há quatro anos.
*ZHESPORTES