A partir de junho do ano que vem, o Luzhniki será o estádio de futebol mais visto do mundo. Os principais jogadores do planeta querem estar neste gramado no dia 15 de julho de 2018, data da final da Copa. Mas enquanto a bola não rola, chegar até ele é bem difícil. Como não está pronto, ficou de fora da Copa das Confederações. Nas largas avenidas banhadas pelo Rio Moscou nas proximidades da arena, pouca sinalização, muitos bloqueios e quase nada de referência ao mundial. O movimento é mesmo dos funcionários, e o barulho por enquanto é dos caminhões. Fechado para a reforma desde 2013, o Luzhniki saiu da rotina dos moradores da cidade.
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Mas vai voltar em grande estilo porque Moscou tem uma longa ligação com este estádio. O início da construção foi em 1954, tendo como meta a ambição da antiga União Soviética de se tornar uma potência esportiva, especialmente nos Jogos Olímpicos. A inauguração foi no dia 31 de julho de 1956, inicialmente com o nome de Estádio Central Lenin, o líder da revolução russa. O complexo teve fundamental importância no crescimento do esporte russo, sediando competições de diferentes modalidades, como atletismo, rugby, hóquei no gelo, além de eventos culturais e shows.
O grande momento foi a Olimpíada de 1980, recebendo as cerimônias de abertura e encerramento, as provas de atletismo, as finais do futebol e o programa equestre. O choro do urso Misha, mascote dos jogos daquele ano, é uma das imagens mais marcantes e emocionantes da história olímpica. Misha aparecia em movimentos produzidos por um enorme mosaico de coreógrafos carregando placas coloridas, que eram levantadas e abaixadas seguindo movimentos perfeitamente sincronizados. Na cerimônia de encerramento, uma coreografia simulou a queda de uma lágrima do olho do urso, fazendo Misha chorar.
No futebol, é a casa da seleção russa, e sediou duas finais de competições europeias: a decisão da Copa da UEFA (hoje Liga Europa) de 1999, com a vitória do Parma sobre o Olympique, e a grande final da Champions League de 2008, com o título do Manchester United em cima do Chelsea. Um dos aspectos fundamentais do novo projeto foi preservar a fachada histórica, que se tornou uma das marcas do local. Até a estátua de Lenin segue no mesmo lugar. Em recente entrevista coletiva, o secretário de obras de Moscou, Marat Khusnullin , falou sobre isso:
– O mais difícil foi conseguir manter a aparência inicial. Essa foi a ordem do prefeito de Moscou: preservar a aparência histórica, e ao mesmo tempo fazer dele um estádio de nível de Copa. A licitação foi feita entre empresas de construção civil e ganhou a maior empresa russa. O planejamento e a construção é toda nossa.
A esplanada para a circulação de torcedores ficou ampla e muito bonita. Foram plantadas 1.050 árvores, dando um ar bucólico ao entorno. Em algumas áreas a sensação é de se estar em um bosque. Tudo aberto para a utilização dos moradores. Por dentro, está sendo totalmente renovado. A pista de atletismo foi removida e as arquibancadas foram erguidas mais perto do gramado. A capacidade vai ficar em 81 mil torcedores, todos com boa visão do campo. Serão 102 sky boxes, 300 lugares para cadeirantes, 2.500 bancadas para jornalistas e mil câmeras monitorando tudo que ocorre dentro e fora da arena. Outro ponto positivo é a nova estação do metrô, já em funcionamento.
Destaque para a sinalização em outros idiomas e um balcão de informações com uma atendente extremamente simpática e com inglês fluente, algo que não é muito comum por aqui. O custo total do novo Luzhniki ficou em R$ 1,9 bilhão e a inauguração está prevista para o mês de novembro, com o amistoso entre Rússia e Argentina.
*ZHESPORTES