– A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as outras – disse uma vez o ex-primeiro ministro do Reino Unido Winston Churchill. Dar voz para todos realmente costuma criar muitos problemas. Mas a história está cheia de exemplos para mostrar que qualquer alternativa seria muito pior.
Um exemplo está aqui no Brasil, diante dos nossos olhos: a administração do futebol brasileiro. Pressionada pela Lei do Profut a democratizar as suas eleições, a CBF anunciou o seu novo estatuto. Foram feitas todas as manobras possíveis para o comando permanecer para sempre, de forma autoritária, nas mãos dos mesmos que se perpetuam desde 1989. O limite de reeleições, por exemplo, só vale a partir de agora. Isso significa que Marco Polo Del Nero pode seguir na presidência até 2027.
Obrigada pela lei a dar direito a voto para os
40 clubes das Séries A e B, a CBF decidiu triplicar o peso do voto das 27 federações estaduais. Além disso, foi mantida a absurda regra da cláusula de barreira que torna impossível o surgimento de uma chapa de oposição.
A entidade alega que as federações precisam ter um peso maior, pois representam os quase 700 clubes médios e pequenos que não fazem parte do colégio eleitoral. Representam mesmo? Seria justo que o presidente da República fosse escolhido pelos 27 governadores, já que estes representam a população dos Estados?
Chegou a hora do Movimento Diretas Já no futebol brasileiro! Proponho um sistema de eleição para a CBF e para todas as 27 federações sem cláusula de barreira e com direito a voto não só para todos os clubes, mas também para os torcedores associados dos clubes, árbitros, jogadores e técnicos de futebol, respeitando, claro, um critério de voto qualitativo.
Sem jogadores, técnicos, arbitragem e, principalmente, torcida, não existe futebol. Todos estes atores são impactados pela administração da CBF e tem total legitimidade para escolher quem vai gerir o esporte do qual são protagonistas.
Se os dirigentes da CBF e das federações dependessem de votos de torcedores, jogadores, árbitros, técnicos e dirigentes de TODOS os clubes de futebol, será que suas gestões não seriam diferentes?
É claro que uma democracia tão ampla apresentaria muitos problemas. Certamente haverá muitos argumentos consistentes contrários a essa ideia. No entanto, as falhas de uma democracia jamais podem justificar um regime autoritário, pois, como bem lembrou Churchill, a consequência será sempre muito pior.