Bernardinho não é mais técnico da seleção de vôlei masculino. Decidiu atender ao desejo da família e ter mais tempo de descanso. Foram quase 16 anos desde que assumiu o comando do time brasileiro. Naquele início de 2001, quando chegou, o país amargava uma situação difícil: tinha sido eliminado da Olimpíada de Sydney ainda nas quartas de final no ano anterior, não ganhava um título expressivo há tempo e não parecia vislumbrar um futuro melhor.
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A confederação foi buscar na seleção feminina em ascensão (vinha de dois bronzes olímpicos) a solução. Desafio aceito, Bernardinho empilhou títulos. Formou quase cinco gerações vencedoras. Foram 28 títulos sob sua batuta: duas Olimpíadas – além das duas medalhas de prata –, três Mundiais e duas Copas do Mundo. Só em Ligas Mundiais, o Brasil saltou de um título antes de Bernardinho para nove, tornando-se o maior vencedor da competição. Com altos e baixos, é um fora de série, um perfeccionista, um vencedor. Seu jeito rígido e explosivo de comandar o time o fez virar até meme nas redes sociais (na escala Bernardinho, como vocês está se sentindo hoje?). Ainda assim, conquistou a torcida e os atletas – e também teve alguns desafetos – o levantador Ricardinho talvez seja o mais conhecidos. Mais do que ganhar muito, ele soube a hora certa de parar. O ouro no Rio-2016 depois de um início conturbado mostrou que ele sabe muito do seu ofício. Sem Bernardinho, teremos que reaprender a assistir aos jogos da seleção. Por um tempo, será difícil assimilar que não veremos mais caras e bocas pressionando os jogadores.
Agora, começa a era Renan Dal Zotto, e o gáucho chega para uma dura missão: manter o Brasil no topo. Embora seja da mesma geração de prata de Bernardo, não tem o mesmo currículo que o colega tinha ao chegar ao comando da seleção. Bernadinho vinha da seleção feminina e do Rexona, dois times em ascensão. Embora tenha experiência como técnico e jogador, Renan estava atuando mais na gestão esportiva. Não comanda uma equipe há oito anos. Conhecimento e potencial ele tem, e isso é inegável. Bons jogadores para seguir na trilha das vitórias também. Além disso, não ficará desemparado: o agora ex-técnico seguirá por perto, talvez como coordenador técnico da seleção. Mesmo assim, não será nada fácil a vida de Renan daqui para frente. Ainda bem que, no vôlei, torcida e dirigentes costumam ter mais paciência.