O goleiro virou guerreiro. Assim é que Jackson Follmann foi nomeado pelo hospital nas últimas horas em que passou internado. Após mais de 50 dias em tratamento, o último sobrevivente da tragédia com o avião da Chapecoense ainda hospitalizado recebeu alta médica na manhã desta terça-feira. Com uma grande força de vontade, ele sabe que sua recuperação ainda não chegou ao fim, mas aposta no carinho de amigos e familiares para acelerar o processo.
Já na próxima semana, Follmann viaja a São Paulo onde inicia o processo de fixação de uma prótese. Ele teve parte da perna direita amputada devido ao acidente e deve levar entre quatro e seis meses para voltar a caminhar firmemente com auxílio de um membro mecânico, o que não parece ser um problema para quem esteve entre a vida e a morte logo após o acidente na Colômbia.
– Fiquei todo esse tempo me recuperando, mas lá em São Paulo não vai ser diferente. Estou muito preparado e não é o momento de eu baixar a cabeça. Se pedirem aos familiares que perderam seus entes, com certeza eles diriam que queriam ter eles no meu lugar – disse, ao ser questionado sobre a recuperação.
Sobre a amputação da perna, fatalidade que retira a possibilidade de voltar aos gramados como goleiro da Chapecoense, Follmann não demonstra tristeza. O atleta comemora a vida e sua recuperação.
– Tenho muito orgulho do meu corpo como está hoje. Sei que há mais de 50 dias eu estava muito mal, tinha lesões graves. Indo pra São Paulo e colocando a prótese, poderei fazer muitas coisas que eu fazia antes. Até jogar uma bolinha, quem sabe? – previu, sorrindo.
Sem perder o bom humor, antes de deixar o hospital Follmann também disse que a primeira coisa que pretende fazer é comer churrasco. Além disso, o jogador quer respirar o ar da rua e receber o carinho dos torcedores, o que acredita que deva ser um remédio a mais para incluir no seu tratamento.
Questionado sobre seu futuro, o goleiro não abriu mão de incluir o nome da Chapecoense. A diretoria do clube vem afirmando que quer ter a presença de Follmann em alguma outra função dentro da associação, o que parece também fazer partes dos planos do sobrevivente.
– Ainda não imagino minha função, mas quero ser grande junto com a Chapecoense. Até então o que eu sabia fazer era jogar futebol, agora vou buscar me aprimorar. Vou procurar coisas grandes dentro do clube. Agora é um momento de aprendizado e é isso que eu vou buscar – planejou.
Antes de passar pela porta do hospital, a mesma que o trouxe da Colômbia muito ferido em 17 de dezembro, Follmann agradeceu aos profissionais de saúde que o atenderam e que ele passa a considerar como membros da família. O sobrevivente entregou flores aos médicos e enfermeiros, distribuiu abraços e não deixou de soltar a voz e cantar, hobby que o jogador mantinha quando não estava dentro dos gramados.
– Agora é tocar a vida sempre com o sorriso no rosto. Com certeza há coisas grandes previstas para mim – concluiu.