O ano de 2017 começou diferente para Leandro Vuaden. Após oito anos como integrante do quadro de árbitros da Fifa, o gaúcho de 41 anos não terá mais o escudo da federação internacional no peito nesta temporada. Vuaden foi um dos três árbitros brasileiros, ao lado de Héber Roberto Lopes e Pericles Bassols, retirados da relação por parte da Comissão de Arbitragem da CBF, no domingo. Nada, no entanto, que preocupe o juiz nascido em Estrela.
– A primeira coisa que eu tenho que dizer é que sou muito grato por ter feito parte do quadro da Fifa. Entrei em 2009, quando o Rio Grande do Sul tinha Carlos Simon e Leonardo Gaciba. Sou muito grato por poder, naquele momento, representar a arbitragem gaúcha. Não tenho nenhuma mágoa, sou um empregado e respeito a opinião do patrão. Não pedi para entrar na Fifa em 2009, e agora não pedi para ficar ou não sair – disse Vuaden, nesta segunda-feira, em entrevista por telefone.
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Com mais quatro anos pela frente como árbitro – o limite de idade para comandar um jogo profissional é de 45 anos –, o gaúcho admitiu que o seu ciclo no principal quadro da arbitragem mundial está encerrado. E fez questão de dizer que não mudará sua maneira de apitar por conta da perda do escudo.
– É uma avaliação feita por terceiros. Só o tempo vai dizer se os novos árbitros são melhores ou não. Está sendo feita uma renovação, e quero desejar sorte a eles. Vou continuar apitando, não é o escudo que vai mudar meu jeito de ser. A relação de confiança e credibilidade vai ser mantida. O que realmente vai ser importante, ter valor, são as atuações. O histórico conta, é legal fazer parte deste quadro, mas o ciclo acabou. Não adianta ficar com rancor. Existe uma limitação de idade, estou indo para 42 anos. São 20 anos nisso. Vou continuar pela CBF e pela FGF, passando experiência aos mais novos, contando histórias.
Vuaden fez questão de lembrar dos bons momentos vividos durante os anos em que foi árbitro da Fifa e destacou seu único arrependimento com a saída do quadro: não passar a posição a outro juiz gaúcho.
– A lamentação que eu fico é que não consegui entregar o escudo para ninguém do estado. Ficamos com um árbitro só (Anderson Daronco), que até vale por dois, pelo tamanho dele (risos). Mas este é o processo, aproveitei tudo da melhor maneira possível. Tenho jogos memoráveis, outros não tão bons. Vou cometer equívocos, mas isso faz parte da vida do árbitro. Saio com a mesma alegria, satisfação de dever cumprido. O grande jogo que apitei foi Argentina x Uruguai, pelas Eliminatórias, em Mendoza. Aproveitei todos os momentos. Na alegria, chorei, e na tristeza também. A gente tem que saber vivenciar isso – completou.
*ZHESPORTES